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Enciclopédia Itaú Cultural
Música

Hamilton de Holanda

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 22.02.2024
30.03.1976 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
Hamilton de Holanda Vasconcelos Neto (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1976). Bandolinista e compositor. Filho de pernambucanos, nasce no Bairro de São Cristóvão, no Rio de Janeiro, e com 1 ano muda-se com a família para Brasília. Inicia sua educação musical com o pai, o violonista José Américo de Oliveira, que desde cedo lhe dá instrumentos de b...

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Hamilton de Holanda Vasconcelos Neto (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1976). Bandolinista e compositor. Filho de pernambucanos, nasce no Bairro de São Cristóvão, no Rio de Janeiro, e com 1 ano muda-se com a família para Brasília. Inicia sua educação musical com o pai, o violonista José Américo de Oliveira, que desde cedo lhe dá instrumentos de brinquedo como presente. Ganha seu primeiro instrumento de verdade, uma escaleta, em 1981. No mesmo ano faz sua primeira apresentação pública, no Clube do Choro de Brasília, ao lado do irmão Fernando César, no cavaquinho, e do pai, no violão. Ainda em 1981, ganha o primeiro bandolim. O primeiro tema aprendido no instrumento é Flor Amorosa, de Joaquim Callado, considerado o "Pai do Choro".

Apadrinhado por Pernambuco do Pandeiro, forma, em 1982, o duo Dois de Ouro, com seu irmão, com quem lança três discos: Destroçando a Macaxeira (1997), A Nova Cara do Velho Choro (1998) e Dois de Ouro (2000). Ainda na década de 1980, aprimora sua formação musical, estudando violino na Escola de Música de Brasília, e violão, com os professores Everaldo Pinheiro e Paulo André Tavares, com quem tem lições de harmonia. Em 1986, compõe seu primeiro tema, Chorinho pra Pernambuco.

Sua trajetória musical não percorre apenas o choro e o samba. Forma o grupo de rock Os Entregadores de Pizza, em 1989, e, dois anos depois, a banda Bola Esquerda, dedicada a um repertório de música popular brasileira (MPB). Em 1993, Hamilton entra na faculdade para estudar contabilidade, curso que abandona um ano depois. Passa no vestibular da Universidade de Brasília para bacharel em composição, em 1995, e se forma em 2001.

Em 1998, começa a parceria com o violonista Marco Pereira, com o qual lança o disco Luz das Cordas, em 2000, e se apresenta no exterior pela primeira vez. No mesmo ano, conquista o primeiro lugar, no voto popular, e fica na terceira colocação do júri do 1º Prêmio Visa de MPB Instrumental. Com Rogério Caetano e Daniel Santiago, forma, em 1999, o trio Brasília Brasil, lançando o álbum Abre Alas, em 2001.

O ano de 2000 representa uma mudança em sua carreira. Holanda idealiza e encomenda ao luthier Vergílio Lima um bandolim de dez cordas, que passa a ser sua identidade musical. No ano seguinte, ganha uma bolsa de estudos para se aprimorar em Paris, onde fica até 2002. Ainda em 2001, grava o CD Brasília Brasil: Abre Alas, com músicas como É, de Gonzaguinha, e uma composição em homenagem a Chiquinha Gonzaga. De volta ao Brasil, lança pelo selo Velas o disco Hamilton de Holanda.

Muda-se para o Rio de Janeiro em 2003, e forma um quarteto com Daniel Santiago, André Vasconcelos e Marcio Bahia, lançando, no ano seguinte, Música das Nuvens e do Chão e, no mesmo ano, o disco independente A Música de Hamilton de Holanda, com 20 composições próprias, incluindo a Valsa em Si, parceria com Zélia Duncan. Com o grupo - que em 2006 se torna um quinteto, com a entrada de Gabriel Grossi -, grava Brasilianos (2006), Brasilianos 2 (2008) e Brasilianos 3 (2011). Em 2005, lança seu primeiro CD de bandolim solo no Brasil, batizado de 01 Byte 10 Cordas. No ano seguinte, divulga seu trabalho no exterior com os discos Samba do Avião, com participação do acordeonista francês Richard Galliano, e Novas Palavras / New Words, com o bandolinista americano Mike Marshall.

Holanda conquista duas categorias no Prêmio TIM (melhor solista e melhor grupo), em 2007, além de lançar o CD Íntimo. Inicia também sua parceria com André Mehmari, no álbum Contínua Amizade. Entre trabalhos coletivos e individuais, apresenta Luz da Aurora, de 2008, com o violonista Yamandu Costa, e o disco solo Esperança, em 2010. E volta a trabalhar com Mehmari em 2011, lançando Gismontipascoal (2011), em homenagem à música de Egberto Gismonti e Hermeto Pascoal.

 

Comentário Crítico

Com 6 anos de idade, Hamilton de Holanda demonstra virtuosismo no bandolim de oito cordas e começa a ganhar projeção na cidade onde mora, principalmente em apresentações com seu irmão na dupla Dois de Ouro. Com o passar do tempo, o bandolinista amadurece, ganha experiência em palcos do Brasil, conhecimentos essenciais em harmonia, melodia e ritmo na faculdade e toca com músicos consagrados. Com reconhecimento conquistado em boa parte do país, seus discos recebem destaque em publicações conceituadas no Brasil e no exterior. Nos Estados Unidos, recebe um dos apelidos mais emblemáticos de sua carreira: "O Jimi Hendrix do Bandolim".

A comparação com o guitarrista americano é pertinente não apenas no que diz respeito ao domínio completo da técnica e ao fato de ambos serem dois virtuoses, mas também ao fato de Holanda escrever um novo capítulo de seu instrumento na história da música. Em termos práticos, principalmente no Brasil, ele firma seu lugar criando sons vanguardistas e quebrando o paradigma de que o bandolim é apenas um instrumento de choro ou samba. Basta percorrer a discografia de Holanda e constatar a quantidade de temas interpretados por ele em diversos gêneros, como valsa, jazz, frevo, baião, entre outros, com liberdade e improvisação. Também cria o bandolim de dez cordas, ampliando mais ainda suas possibilidades interpretativas, alcançando registros mais graves e encorpados para um instrumento conhecido por seu timbre mais agudo.

Um dos trabalhos representativos dessa nova fase do bandolim na história da música é o disco De Bandolim para Bandolim, de 2009. O álbum revela a possibilidade de uma tabelinha entrosada entre as dez cordas de Holanda com as oito de Joel Nascimento, um dos bandolinistas mais importantes do país, responsável por álbuns antológicos com a Camerata Carioca e o pianista, compositor e arranjador Radamés Gnattali. No repertório, temas populares de autores como Pixinguinha, Ernesto Nazareth, Jacob do Bandolim, Catulo da Paixão Cearense, Bonfiglio de Oliveira, Radamés Gnattali e Carlos Gardel, mas também peças eruditas de Bach, Beethoven e Vivaldi.

Em relação à interpretação, Holanda é classificado como um dos maiores bandolinistas de todos os tempos. O argumento que baliza a afirmação se sustenta em uma análise histórica da música nacional. Nesse sentido, especialistas dizem que ele reúne a emotividade e o lirismo de Jacob do Bandolim com a técnica e a alta velocidade de execução de Luperce Miranda. O instrumentista carioca-brasiliense demonstra muita habilidade, tanto tocando grande número de notas com andamento extremamente acelerado, como nas ligeiras 01 Byte 10 Cordas e Enchendo o Latão, de sua autoria, quanto dando dinâmica e sentimento nas dolentes Flor da Vida e Luz da Aurora, também compostas por ele (a última, em parceria com Yamandu Costa).

A versatilidade de Holanda é conhecida não apenas ao registrar um balaio sortido de gêneros brasileiros e estrangeiros, como também no que diz respeito às diversas formações com que ele se apresenta. Sua carreira mostra isso com os trabalhos ao lado de seu quinteto, em duos com seu irmão, Marco Pereira, Yamandu Costa, André Mehmari, Joel Nascimento, Richard Galliano, Mike Marshall, em trio com Rogério Caetano e Daniel Santiago e com os venezuelanos do Gurrufío. Além de já ter se apresentado com Egberto Gismonti, Hermeto Pascoal, Chucho Valdés, João Bosco, Ivan Lins, Ney Matogrosso, Beth Carvalho, Marcos Suzano. Em todos os encontros, mesmo sendo conhecido como um virtuose, sabe respeitar o espaço do outro e interagir, acrescentando ideias, seja se destacando em melodias e solos, em harmonias com intervalos simples ou elaborados, seja com acompanhamentos percussivos.

No bandolim, Hamilton de Holanda está definitivamente estabelecido dentro e fora do Brasil. O reconhecimento existe, mas não se limita a apenas isso. Sua obra como compositor é igualmente importante. Desde cedo, o fato de ser aberto a escutar diversos estilos musicais - com nomes como João Gilberto, Raphael Rabello, Chick Corea, Keith Jarrett, Pat Metheny, George Benson, Villa-Lobos, Debussy, Shostakovich, Bach - o ajuda em sua formação como instrumentista e compositor. Ao fundir várias influências, ele consegue criar temas que apontam novos caminhos, sem abandonar o perfume do passado. Não à toa, os discos de seu selo, o Brasilianos, sempre trazem impressa no encarte a frase "Moderno é tradição".

Em 2010, ele dá um novo passo em termos de composição ao escrever a Sinfonia Monumental, peça com cinco movimentos para bandolim e orquestra, encomendada para celebrar os 50 anos de Brasília. O trabalho, registrado em disco, revela um diálogo entre o popular e o erudito.

Obras 83

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Fontes de pesquisa 3

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  • Entrevistas com Hamilton de Holanda, Joel Nascimento, Yamandu Costa, André Mehmari, Hermeto Pascoal e Egberto Gismonti para o Caderno2, do jornal O Estado de S. Paulo (Por Lucas Nobile).
  • HAMILTON de Holanda (site oficial do artista). Disponível em: http://www.hamiltondeholanda.com/pt Acessado em: 27 março de 2012.
  • TOCANDO com Jacob: Partituras e Playbacks. Partituras, playbacks e gravações originais dos LP's de Jacob do Bandolim Chorinhos e Chorões (1961) e Primas e Bordões (1962). São Paulo, Editora Irmãos Vitale, 2006.

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