Ordenação

Tipo de Verbete

Filtros

Áreas de Expressão
Artes Visuais
Cinema
Dança
Literatura
Música
Teatro

Período

A Enciclopédia é o projeto mais antigo do Itaú Cultural. Ela nasce como um banco de dados sobre pintura brasileira, em 1987, e vem sendo construída por muitas mãos.

Se você deseja contribuir com sugestões ou tem dúvidas sobre a Enciclopédia, escreva para nós.

Caso tenha alguma dúvida, sugerimos que você dê uma olhada nas nossas Perguntas Frequentes, onde esclarecemos alguns questionamentos sobre nossa plataforma.

Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

João Francisco Muzzi

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
0018
1802
Reprodição fotográfica Romulo Fialdini

Incêndio do Recolhimento de Nossa Senhora do Parto (detalhe), 1789
João Francisco Muzzi
Óleo sobre tela
101,00 cm x 124,50 cm
Museus Castro Maya - IPHAN/MinC (Rio de Janeiro)

João Francisco Muzzi. (Itália 17-- - s.l. 1802). Pintor, cenógrafo e ilustrador. Provavelmente, estuda no Rio de Janeiro com José de Oliveira Rosa. Inicia sua carreira como cenógrafo da Casa de Ópera, fundada no ano de 1767 pelo padre Ventura, passando logo em seguida a trabalhar no Teatro de Manuel Luís. Em 1789, executa duas pinturas retratand...

Texto

Abrir módulo

Biografia
João Francisco Muzzi. (Itália 17-- - s.l. 1802). Pintor, cenógrafo e ilustrador. Provavelmente, estuda no Rio de Janeiro com José de Oliveira Rosa. Inicia sua carreira como cenógrafo da Casa de Ópera, fundada no ano de 1767 pelo padre Ventura, passando logo em seguida a trabalhar no Teatro de Manuel Luís. Em 1789, executa duas pinturas retratando acontecimentos que havia presenciado, Incêndio e Reedificação do Recolhimento do Parto, hoje pertencentes ao acervo dos Museus Castro Maya, no Rio de Janeiro.A publicação intitulada Mapa Botânico para uso do Ilmo. Exmo. Sr. Luiz de Vasconcelos e Souza, vice-rei do Estado do Brasil, que pode ser encontrado na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, editada por volta de 1790, possui algumas ilustrações que são atribuidas ao artista.

Comentário Crítico
Existem poucas informações sobre a vida e a obra de João Francisco Muzzi. Sabe-se de sua ascendência italiana e que vive e atua como pintor, cenógrafo e ilustrador no Rio de Janeiro na segunda metade do século XVIII. Este é o período de afirmação do barroco brasileiro. O estilo se hibridiza, junta-se à estética do rococó e se interessa por algumas modalidades mais clássicas, apreciadas pela corte portuguesa na época. O barroco, no Brasil, começa a tomar forma distinta de suas matrizes européias. O pouco que se conhece de João Francisco Muzzi indica que ele acompanha esta transição. Segundo o historiador Jaelson Britan Trindade, os pintores João Francisco Muzzi e Leandro Joaquim (ca.1738 - ca.1798) seguem esta mudança classicizante da pintura da época.1

Muzzi inicia a carreira como discípulo do pintor José de Oliveira Rosa (ca.1690 - 1769). Segundo o historiador Francisco Marques dos Santos, o mestre ensina de acordo com as tradições do padre italiano Andrea Pozzo.2 Com ele, provavelmente, aprende as técnicas de ilusão de ótica aplicadas nos painéis das igrejas, como o trompe-l'oeil. Muzzi, no entanto, vai dedicar-se à produção laica. Trabalha como cenógrafo na Casa da Ópera, conhecida como Teatro do Padre Ventura, e no Teatro de Manuel Luiz. É digno de nota seu trabalho como desenhista naturalista. Como ilustrador, fez as pranchas da segunda parte do Mapa Botânico para uso do Ilmo. Exmo. Sr. Luiz de Vasconcelos e Souza, vice-rei do Estado do Brasil. Este mapa se encontra hoje no acervo Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.

De suas pinturas, são conhecidas duas cenas de costume realizadas em 1789. Nelas, o artista representa o incêndio e a reedificação do prédio do Recolhimento de Nossa Senhora do Parto. De maneira cenográfica, as pinturas contam um fato marcante para a época: a destruição e reconstrução do convento em que as mulheres ficavam quando os maridos ou pais se ausentavam.

A obra tem precioso valor iconográfico, revelando peculiaridades do vestuário e do mobiliário da época. Outro dado curioso é que essas pinturas trazem um dos poucos retratos do Mestre Valentim (ca.1745 - 1813), o mais importante escultor e arquiteto do Rio de Janeiro da época.3 Na tela da reconstrução do Recolhimento de Nossa Senhora do Parto, ele aparece em primeiro plano, exibindo o projeto de reedificação do conjunto ao vice-rei Dom Luís de Vasconcelos. As duas telas permanecem em Portugal por mais de um século, desconhecidas do público brasileiro. São trazidas de volta para o país de origem em 1940, pelo industrial Raimundo Ottoni Castro Maia. Hoje, fazem parte da coleção dos Museus Castro Maia, no Rio de Janeiro.

 

Notas
1 TRINDADE, Jaelson Britan. A corporação e as artes plásticas: o pintor, de artesão a artista. In: O UNIVERSO mágico do barroco brasileiro. São Paulo: Sesi, 1998. p. 255.
2 SANTOS, Francisco Marques. João Francisco Muzi. In: Artistas do Rio Colonial. Imprensa Nacional, Rio de Janeiro 1942. p. 463-464.
3 Cf. PICOLI, Valéria. De navegações e viagens: o Brasil como horizonte. In: CARNEIRO, Ana Regina Machado (coord.). Viajantes e naturalistas italianos: imagens do Brasil nos séculos XVIII e XIX. São Paulo: FAAP, 2000.

Obras 5

Abrir módulo

Exposições 6

Abrir módulo

Fontes de pesquisa 14

Abrir módulo
  • 150 anos de pintura no Brasil: 1820-1970. Rio de Janeiro: Colorama, 1989.
  • ARAÚJO, Emanoel (org.). A Mão afro-brasileira: significado da contribuição artística e histórica. São Paulo, SP: Tenenge, 1988.
  • ARTE no Brasil. São Paulo: Abril Cultural, 1979.
  • BATISTA, Nair. Pintores do Rio de Janeiro colonial: notas bibliográficas. In: Pintura e escultura II. Compilacao Carlos Ott; compilação Joaquim Cardozo, Nair Batista. São Paulo: MEC/IPHAN : FAU/USP, 1978. 157 p., il. p&b. (Textos escolhidos da Revista do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, 8). p.23-38.
  • DICIONÁRIO brasileiro de artistas plásticos. Organização Carlos Cavalcanti e Walmir Ayala. Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1973-1980. 4v. (Dicionários especializados, 5). R703.0981 C376d v.3 pt. 2
  • LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988.
  • LEITE, José Roberto Teixeira. João Francisco Muzzi. Texto datilografado.
  • MOURA, Carlos Eugênio Marcondes de. A Travessia da Calunga Grande: três séculos de imagens sobre o negro no Brasil (1637-1899). Apresentação Jacques Marcovitch. São Paulo: Edusp: Imprensa Oficial do Estado, 2000. 691 p., il. color., (Estante USP. Brasil 500 anos).
  • PICOLI, Valéria. De navegações e viagens: o Brasil como horizonte. In: CARNEIRO, Ana Regina Machado (Coord.). Viajantes e naturalistas italianos: imagens do Brasil nos séculos XVIII e XIX. Curadoria Carlos Martins, Valéria Piccoli; versão em italiano Alessandra Vannucci. São Paulo: Faap, 2000.
  • SANTOS, Francisco Marques. João Francisco Muzi. In: ______. Artistas do Rio colonial. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1948. pp.463-464.
  • SOUZA, Jorge Victor de Araújo. Recolhimento em chamas, de João Franciso Muzzi. Nossa História, Rio de Janeiro, ano 1, n. 10, p. 44-47, ago. 2004. Não catalogada
  • TRINDADE, Jaelson Britan. A corporação e as artes plásticas: o pintor, de artesão a artista. In: O UNIVERSO mágico do barroco brasileiro. Curadoria Emanoel Araújo. São Paulo: Sesi, 1998. Exposição realizada no período de 30 mar. a 03 ago. 1998.
  • VALLADARES, Clarival do Prado. O ecumenismo na pintura religiosa brasileira dos setecentos. Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Rio de Janeiro, n. 17, p. 177-201, 1969.
  • VALLADARES, Clarival do Prado. Rio Barroco: análise iconográfica do Barroco e Neoclássico Remanentes no Rio de Janeiro. Apresentação Marcos Tamoyo. Rio de Janeiro: Bloch, 1978. [400] p., il. color.

Como citar

Abrir módulo

Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo: