Angelina Agostini
![Vaidade, 1913 [Obra]](http://d3swacfcujrr1g.cloudfront.net/img/uploads/2000/01/000162001019.jpg)
Vaidade, 1913
Angelina Agostini
Óleo sobre tela
73,50 cm x 78,50 cm
Texto
Angelina Agostini (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1888 - Idem 1973). Pintora. Inicia seus estudos de arte com o pai, o ilustrador e caricaturista Angelo Agostini (1843-1910). Entre 1906 e 1911, é aluna de Zeferino da Costa (1840-1915), Baptista da Costa (1865-1926) e Eliseu Visconti (1866-1944), na Escola Nacional de Belas Artes (Enba). A partir de 1911, estuda no ateliê de Henrique Bernardelli (1858-1936). No mesmo ano, recebe menção honrosa na 18ª Exposição Geral de Belas Artes. Nos dois anos seguintes, participa da 19ª e 20ª edições da mostra e ganha, respectivamente, a pequena medalha de prata e o prêmio de viagem à Europa, com a tela Vaidade. Viaja para a Europa em 1914, estabelecendo-se em Londres. Durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), presta serviços assistenciais como voluntária da Cruz Vermelha, o que lhe vale o reconhecimento do governo britânico. Expõe na Royal Academy of Arts [Real Academia de Artes], na Society of Women Artists [Sociedade de Mulheres Artistas], no Imperial War Museum [Museu Imperial de Guerra] e na Huddersfield Gallery, todos em Londres. Também apresenta trabalhos no salão da Société Nationale des Beaux Arts [Sociedade Nacional das Belas Artes], no Salon des Tuileries e no Salon de l'Amérique Latine [Salão da América Latina], em Paris. De volta ao Brasil, ganha a medalha de ouro no Salão Nacional de Belas Artes (SNBA) de 1953 e é membro do júri da mostra em 1957. Nesse mesmo ano, figura na exposição O Nu na Arte, do Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), Rio de Janeiro.
Análise
Há três quadros de Angelina Agostini na coleção do Museu Nacional de Belas Artes (MNBA). Um retrato, um auto-retrato e a tela Vaidade, de 1913. Esta, que lhe vale o prêmio de viagem à Europa e é tida como sua obra mais importante, mostra uma mulher sentada de costas, diante do espelho, de camisola, com a alça esquerda caída sobre o braço. O penteado ainda está feito, com um laço vermelho. À sua esquerda, no primeiro plano, um espartilho jogado é o ponto mais luminoso da tela. O olhar expressa o que poderia ser uma melancolia sorridente, ou cansaço depois de uma noite agradável. A tela é bastante escura, mas o desenho e a fatura são corretos.
O auto-retrato é igualmente escuro. O desenho continua sem defeitos, embora a pincelada não seja uniforme. A pintora usa um chapéu preto de aba larga e redonda. Seu rosto está inclinado e só metade dele está na luz. Ela não olha diretamente para frente, mas seu olhar é vivo e seu rosto expressa um vago sorriso.
Como diz o crítico José Roberto Teixeira Leite, na obra da artista, em geral o desenho é exato e o colorido sóbrio, mas suas composições pecam pelo conservadorismo.1 No entanto, se não recebe muita atenção da crítica, é porque seus contemporâneos estão pouco acostumados à presença feminina na arte. Quando a mencionam, se atêm ao fato de ser mulher pintora.
Assim faz o crítico Carlos Rubens, que trata da premiação da pintora sem abordar objetivamente os quadros. Em seguida, explica que com o desenvolvimento da sociedade e a diminuição dos preconceitos, a mulher pôde evoluir na arte, tornando-se mais atual e mais humana, saindo para pintar e não mais se restringindo à cópia de outros quadros.2
Esta última observação realmente se aplica ao caso de Angelina, que produz retratos e, segundo consta, também composições inspiradas na Primeira Guerra Mundial, o que resulta em comentários simpáticos da crítica londrina e parisiense.3
No entanto, hoje, e apesar da presença no MNBA, a artista continua a ser lembrada pelo fato de ser mulher e pela temática feminina. Na exposição de 2004, O preço da sedução: do espartilho ao silicone, a tela Vaidade é ressaltada por retratar um momento de intimidade, em que a mulher aparece confortável, sem as vestes impostas pelas convenções sociais.
Notas
1. LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário Crítico da Pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988, p. 14
2. RUBENS, Carlos. Pequena história das artes plásticas no Brasil. São Paulo: Nacional, 1941, p. 238.
3. AYALA, Walmir; CAVALCANTI, Carlos. Dicionário brasileiro de artistas plásticos. Brasília: MDC/INL, 1973-1980, p. 38.
Obras 1
Vaidade
Exposições 26
Fontes de pesquisa 11
- 150 anos de pintura no Brasil: 1820-1970. Rio de Janeiro: Colorama, 1989.
- AYALA, Walmir. Dicionário de pintores brasileiros. Organização André Seffrin. 2. ed. rev. e ampl. Curitiba: Ed. UFPR, 1997.
- AYALA, Walmir. Dicionário de pintores brasileiros. Rio de Janeiro: Spala, 1992. 2v.
- CREEDY, Jean (org.). O Contexto social da arte. Tradução Yvonne Alves Velho, Sérgio Flaksman. Rio de Janeiro: Zahar, 1975.
- DICIONÁRIO brasileiro de artistas plásticos. Organização Carlos Cavalcanti e Walmir Ayala. Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1973-1980. 4v. (Dicionários especializados, 5).
- LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988.
- O MUSEU Nacional de Belas Artes. São Paulo: Banco Safra, 1985.
- O Museu Sensível: Uma Visão da Produção de Artistas Mulheres na Coleção do MARGS. Porto Alegre: MARGS, 2011. Disponível em: https://acervo.margs.rs.gov.br/materiais-graficos/o-museu-sensivel-uma-visao-da-producao-de-artistas-mulheres-na-colecao-do-margs/. Acesso em: 18 out. 2024.
- O PREÇO da sedução: do espartilho ao silicone. Curadoria Denise Mattar. São Paulo: Itaú Cultural, 2004.
- RUBENS, Carlos. Pequena história das artes plásticas no Brasil. São Paulo: Editora Nacional, 1941. (Brasiliana. Série 5ª: biblioteca pedagógica brasileira, 198).
- SALÃO de Maio, 6. , 1971, Rio de Janeiro. 6º Salão de Maio. Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Belas Artes, 1971.
Como citar
Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo:
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ANGELINA Agostini.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa22316/angelina-agostini. Acesso em: 04 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7