Alice Vinagre
![Sem Título, 1990 [Obra]](http://d3swacfcujrr1g.cloudfront.net/img/uploads/2000/01/000105001013.jpg)
Sem Título, 1990
Alice Vinagre
Acrílica sobre tela
150,00 cm x 300,00 cm
Texto
Biografia
Alice de Faria Vinagre (João Pessoa, Paraíba, 1950). Pintora, desenhista. Conclui o curso de pintura na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro - EBA/UFRJ em 1984. Nos anos 1980 participa ativamente de salões e mostras coletivas no Brasil e no exterior. Recebe o prêmio aquisição do 9º Salão Nacional de Artes Plásticas da Fundação Nacional de Arte - Funarte, no Rio de Janeiro, em 1986, e uma bolsa de estudo para a Alemanha no workshop itinerante Brasil-Alemanha, organizado pelo Instituto Goethe e pela Associação Teuto-Brasileira, em 1991. Três anos depois expõe na 4ª Bienal Internacional de Pintura de Cuenca, Equador, e em 2001 participa da 3ª Bienal do Mercosul, em Porto Alegre. Inicia em 1998, no Convento de Santo Antonio, em João Pessoa, a série Azul, um conjunto de intervenções realizadas em diferentes espaços expositivos. Em 2008 lança catálogo com mesmo título da série, com texto de Moacir dos Anjos, propondo uma síntese desse percurso, que inclui ainda exposições em Berlim, São Paulo, Natal e Recife.
Análise
Destaca-se na produção de Alice Vinagre a procura de uma unidade sintética com base na sobreposição de elementos contrastantes, seja por meio do choque entre texto e imagem, da contraposição entre potência expressiva e enquadramento geométrico das formas, seja pela convivência forçada entre transparência e opacidade, figura e abstração. Nas várias fases de sua produção, desde a formação em pintura na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro - EBA/UFRJ, nos anos 1980, explora o equilíbrio instável entre os diferentes elementos compositivos e formais.
Na série No Coração de Todas as Coisas ou Ainda sob o Signo da Obscuridade, que data do fim da década de 1980, nota-se o peso preponderante da narrativa e da explosão cromática associada à arte pop. Nessas telas, há um choque evidente entre título e imagem. Nos trabalhos seguintes, a artista paraibana dá lugar a uma expressividade mais rude. A palavra e os símbolos gráficos tornam-se elemento constitutivo da obra, e as formas adquirem um ritmo gestual, caligráfico, compondo um fluxo circular. Estabelece-se como crítica a "um pensamento binário incapaz de perceber as nuanças de que é feita a vida".1 Nos anos 1990, Alice Vinagre adere a uma experimentação formal maior, explorando os apelos sensoriais de materiais não tradicionais como o papel vegetal, o veludo e até mesmo brinquedos de pano (série Bonecas). Também mescla diferentes meios de expressão. Pintura, desenho e colagem se complementam, forçando um caminho para além dos limites da moldura. No fim dessa década, a artista inicia as intervenções da série Azul, nas quais contrapõe a gestualidade e a forte intensidade cromática dos desenhos a uma organização rigidamente geométrica do conjunto e em relação direta com o espaço expositivo.
Outras experimentações derivam dessa mesma pesquisa, como os desenhos com caneta prateada sobre papel vegetal pintado de azul, que compõem a mostra Anotações Sobre o Céu, realizada em 2003, no Les Varietés, em Marselha, França. Mais recentemente inclui outros elementos extrapictóricos, como cobras de plástico, livros e espelhos, e amplia ainda mais a gama de técnicas utilizadas, incorporando elementos da instalação, da fotografia e o vídeo.
Nota
1. Ideia expressa por Moacir dos Anjos em: VINAGRE, Alice. Dumaresq Galeria de Arte, Recife, 2004.
Obras 3
Exposições 74
Links relacionados 1
Fontes de pesquisa 5
- ARTE ATUAL PARAIBANA, 2. , João Pessoa, 1990. Catálogo. Apresentação de Tarcisio Burity et al. João Pessoa: Espaço Cultural da Paraíba, 1990.
- BR 80: Pintura Brasil Década 80. São Paulo: Instituto Cultural Itaú, 1991.
- GOMES, Dyógenes Chaves. Dicionário das artes visuais na Paraíba. João Pessoa: Linha D'Água, 2010.
- VINAGRE, Alice. Azul. João Pessoa: Fundo Municipal de Cultura, 2008. Não paginado, il, color. [http://www.alicevinagre.com.br/Catalogo.pdf].
- WERKSTATT Berlin - São Paulo. trad. Tradução de Sarita Brandt. Apresentação de Dieter Ruckhaberle. São Paulo: MASP; Berlin: Staatliche Kunsthalle, 1988.
Como citar
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ALICE Vinagre.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa22263/alice-vinagre. Acesso em: 04 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7