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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Arjan Martins

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 30.07.2024
26.03.1960 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
Foto de Autoria desconhecida/Galeria Mendes Wood DM

Sem título, 2017
Arjan Martins
Acrílica sobre tela
200,00 cm x 318,00 cm

Argentino Mauro Martins Manoel (Mesquita, Rio de Janeiro, 1960). Pintor, desenhista. Seus trabalhos – povoados por caravelas, mapas, joias e corpos negros anônimos ou conhecidos – são realizados em grandes formatos e abordam problemas relacionados às diásporas e migrações africanas, manifestando o modo como este passado sobrevive no tempo presente.

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Argentino Mauro Martins Manoel (Mesquita, Rio de Janeiro, 1960). Pintor, desenhista. Seus trabalhos – povoados por caravelas, mapas, joias e corpos negros anônimos ou conhecidos – são realizados em grandes formatos e abordam problemas relacionados às diásporas e migrações africanas, manifestando o modo como este passado sobrevive no tempo presente.

Ao longo da década de 1990, frequenta aulas práticas e teóricas na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, com Elizabeth Jobim (1957), Paulo Sérgio Duarte (1946), Fernando Cocchiarale (1951) e João Magalhães (1945). Nesse período, mantém uma produção que excede a linguagem da pintura, executada a partir de materiais encontrados nas ruas e em intervenções em muros. Aos poucos, começa a usar o desenho como ferramenta de trabalho, empregando suportes como lâminas de papelão e papel escolar. Essa produção inicial é exibida na mostra Desenhos, realizada em 2002 no Museu da República, na capital carioca, com curadoria de Fernando Cocchiarale. 

A incursão no desenho aproxima o artista da pintura, inicialmente realizada em materiais não convencionais como pedaços de fórmica e papel pardo, que aos poucos começam a ocupar o espaço. O interesse por grandes formatos e o problema do gesto e do corpo ganham proeminência em sua poética e se manifestam na exposição individual Axiomas Atemporais V (2006), realizada na Galeria 90, e na coletiva Arquivo Geral (2006), abrigada pelo Centro de Artes Hélio Oiticica, ambas na cidade do Rio de Janeiro. Nelas, o artista exibe uma série de desenhos que remetem a esboços de desenhos anatômicos e esqueletos, executados diretamente sobre as paredes do local, justapostos a pinturas em tela. Nesta época, começa a ganhar projeção internacional, com participação na Bienal de Dakar (Senegal), em 2006, e no Haiti Sculpture, no ano seguinte.

Segundo o artista, a representação de estruturas anatômicas, presente nessas primeiras exposições, contribuem para que aos poucos possa representar o corpo negro. O interesse pela representação de corpos racializados, que ganha proeminência em sua produção na segunda década dos anos 2000, emerge do contato do artista com fotografias em preto e branco, de autoria desconhecida, compradas em feiras de antiguidades, retratando senhoras negras anônimas. Contudo, ao pintar aquelas figuras anônimas, sem identidade, o artista investe em figurações que tendem à abstração, rompendo com as regras da representação. Forma e conteúdo não são pensados separadamente, mas os temas abordados emergem do próprio interior da pesquisa plástica.

Aos poucos, o artista estabelece um repertório de signos recorrentes em suas pinturas, que remetem direta e indiretamente à diáspora negra e à Era das Navegações, como cartografias, caravelas e rosas dos ventos. Esse repertório aparece nos trabalhos exibidos na mostra Américas (2014), individual do artista realizada no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (Mam Rio), com curadoria de Paulo Sérgio Duarte. Suas telas, de grande proporção, são ocupadas por cores esmaecidas, muitas vezes mantendo algumas regiões sem aplicação de tinta. As pinceladas vigorosas e densas do artista levam o curador a aproximá-lo do expressionismo.

Em 2016, marcando o início de sua representação pela galeria Gentil Carioca, exibe um conjunto de trabalhos na individual Etcetera. No texto crítico do catálogo, Michael Asbury ressalta o modo como as pinturas de Martins são estruturadas por operações de montagem que, ao aproximar imagens de diferentes origens espaciais e temporais, revelam como a história é apresentada. De acordo com o crítico, dada a ressurgência de discursos xenófobos e racistas, suas pinturas testemunham a perversidade anacrônica da contemporaneidade. Em 2018, o artista é vencedor do Prêmio Pipa e, no ano seguinte, realiza exposições individuais na feira de arte The Armory Show, em Nova York (Estados Unidos) e na ICA Milano, em Milão (Itália).

Em 2021, exibe Descompasso Atlântico, sua segunda individual na galeria Gentil Carioca, onde retrata figuras insurgentes como Luiza Mahin (c. 1812-?) e João Cândido (1880-1969). No mesmo ano, é convidado para conceber uma obra especialmente comissionada para a 34ª Bienal de São Paulo. Na ocasião, o artista propõe Complexo Atlântico (Oceano) (2021), trabalho composto por uma pintura de grande formato que se soma a uma grande âncora enferrujada, instalada no interior do espaço. Ela é atada por cordas marítimas que atravessam o vão livre do Pavilhão da Bienal, cujo traçado no espaço remete ao triângulo do Atlântico, estruturante da economia escravagista entre Europa, África e Américas.

Em sua poética singular, Arjan Martins apresenta objetos como caravelas, antigas cartografias e ferramentas de navegação. Embora obsoletos, eles manifestam as marcas de um tempo que não cessa de refluir no presente. Esses elementos são distribuídos pelo espaço pictórico, com colagens que justapõem figuras de diferentes tempos, escalas e espaços. São imagens que encontram, no tempo atual, reminiscências de um passado colonial ainda inconcluso.

Obras 12

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Foto de Autoria desconhecida/Galeria Mendes Wood DM

Américas

Acrílica sobre tela
Reprodução fotográfica Iara Venanzi/Itaú Cultural

Atlântico

Acrílica sobre tela
Foto de Autoria desconhecida/Galeria Mendes Wood DM

Etcetera

Acrílica sobre tela
Foto de Autoria desconhecida/Galeria Mendes Wood DM

Sem título

Acrílica sobre tela
Foto de Autoria desconhecida/Galeria Mendes Wood DM

Sem título

Acrílica sobre tela

Exposições 83

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Fontes de pesquisa 17

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