Felipe Augusto Fidanza
![Vista de Belém, ca. 1875 [Obra]](http://d3swacfcujrr1g.cloudfront.net/img/uploads/2000/01/000828007013.jpg)
Vista de Belém, 1875
Felipe Augusto Fidanza
Albúmen
Coleção Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ (Doação White Martins)
Texto
Biografia
Felipe Augusto Fidanza (Lisboa, Portugal, ca.1847 - Belém, Pará, 1903). Fotógrafo e pintor. Começa a fotografar em Belém na segunda metade da década de 1860 e torna-se uma das principais referências no campo da fotografia da região Norte. Não existem dados precisos sobre ele antes de sua chegada à capital paraense e são veiculadas informações desencontradas sobre sua nacionalidade. Diversos autores, entre eles o historiador Boris Kossoy (1941),1 o apresentam como sendo italiano. Porém foram encontrados documentos que comprovam sua origem portuguesa.2 Outra versão divulgada é a de que teria vindo a Belém em setembro de 1867 com a comitiva de dom Pedro II (1825-1891) para as solenidades de abertura dos portos da Amazônia ao comércio exterior. Porém, anúncios na imprensa local mostram que ele já atuava na cidade pelo menos desde o dia 1 de janeiro daquele ano.3
Fidanza é autor de inúmeros registros da vida citadina de Belém – e de outras cidades do Norte, como Manaus, beneficiadas nesse período com a prosperidade trazida pela borracha, já que, além de manter seu ateliê, também viaja em busca de trabalho. Parte desse material é encomendado pelas administrações locais como forma de divulgar uma imagem positiva da região. É autor do Álbum de Vistas do Pará (1899); Álbum de Belém (1902) e Álbum de Manaus-Amazonas (1901-1902), cujas fotos posteriormente alimentam a nascente indústria dos cartões-postais.
Fidanza participa da Exposição Nacional de Belas Artes de 1875; da Exposição de História do Brasil, de 1881; e da Exposição Universal de Paris, em 1889, onde recebe medalha de bronze. Em 1903, ao voltar de uma das diversas viagens à Europa,4 o fotógrafo se joga no mar, supostamente por causa de críticas a seu trabalho. Após o suicídio, Fidanza continuou sendo referência importante para a produção fotográfica da região, como indica o fato de seu ateliê, gerido após sua morte por Jayme da Costa Nunes e depois adquirido pela célebre Photografia Alemã, de George Huebner (1862-1935) e Libânio do Amaral, em 1906, ter preservado seu nome.
Análise
As imagens de Felipe Augusto Fidanza são ao mesmo tempo importante registro histórico e obras clássicas da fotografia oitocentista brasileira. Dentre os gêneros explorados pelo profissional estão os retratos, as imagens de gênero (registros de negros e índios) e as cenas da cidade em transformação. Estas últimas costumam atrair a atenção da crítica especializada por sintetizar, por meio de imagens de grande qualidade técnica e compositiva, o esforço perpetrado pela sociedade paraense de dar visualidade ao processo de modernização do estado, usando a fotografia como importante arma de convencimento. O resultado são cenas como o registro da movimentação em torno do mercado do Ver-o-Peso – composição de 1875 que prima pela limpeza e dinamismo da cena, graças à sobreposição dos mastros das embarcações, do fluxo de pessoas e da movimentação das carruagens – ou os diversos registros mostrando a abertura das grandes avenidas, o luxo interno do Teatro da Paz e a amplitude e a riqueza dos parques da cidade da Belém.
Além das vistas urbanas, ele realiza importantes registros de cunho etnográfico e de costumes, retratando não apenas a burguesia local, mas também fazendo diversos retratos de negros e índios. Existem fotos de sua autoria na coleção do geógrafo alemão Alfons Stübel.5 E é também autor de fotos clássicas da história paraense, como as que mostram a decoração realizada para receber dom Pedro II em visita à Belém em 1867 (consideradas como precursoras da fotorreportagem no Brasil) e os registros do funeral do músico Carlos Gomes (1836-1896).
Notas
1 KOSSOY, Boris. Dicionário histórico-fotográfico brasileiro. São Paulo: IMS, 2002, p. 139.
2 PEREIRA, Rosa Cláudia Cerqueira. Fotografia e modernidade na cidade de Belém (1846-1908). Dissertação em história, UFPA, Belém, 2006, p. 67.
3 Idem, ibidem.
4 Sua morte foi anunciada em artigo publicado em 30 de janeiro de 1903 na Folha do Norte.
5 Imagens disponíveis em: http://ifl-leipzig.com.
Obras 14
Arraial de Nazaré
Boulevard da República
Boulevard da República
Docas do Reduto
Docas do Reduto
Exposições 10
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12/12/1876 - 16/1/1875
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1985 - 1985
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27/5/1995 - 16/7/1995
Fontes de pesquisa 14
- ERMAKOFF, George. O Negro na fotografia brasileira do século XIX. Tradução Carlos Luís Brown Scavarda. São Paulo: G.Ermakoff Casa Editorial, 2004.
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- FREYRE, Gilberto; PONCE DE LEON, Fernando; VASQUEZ, Pedro Karp. O retrato brasileiro: fotografias da Coleção Francisco Rodrigues, 1840-1920. Rio de Janeiro: Funarte. Fundação Joaquim Nabuco, 1983.
- KOSSOY, Boris. Dicionário histórico-fotográfico brasileiro: fotógrafos e ofício da fotografia no Brasil (1833-1910). São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2002.
- KOSSOY, Boris. Origens e expansão da fotografia no Brasil: século XIX. Prefácio Boris Kossoy. Rio de Janeiro: Funarte, 1980. 128 p.
- LAGO, Bia Corrêa do; LAGO, Pedro Corrêa do. Os fotógrafos do Império: a fotografia brasileira no século XIX. Tradução Lúcia Jahn. Rio de Janeiro: Capivara, 2005.
- LAGO, Pedro Corrêa do; LAGO, Bia Corrêa do. Coleção Princesa Isabel: fotografia do século XIX. Rio de Janeiro: Capivara, 2008.
- MARÇAL, Joaquim (org.). A coleção do imperador: fotografia brasileira e estrangeira no século XIX. Rio de Janeiro: Centro Cultural Banco do Brasil, 1997. 71 p.
- MIRANDA, Victorino Coutinho Chermont de. A memória paraense no cartão-postal: 1900-1930. Rio de Janeiro: Ed. Liney, 1986.
- PEREIRA, Rosa Claudia Cerqueira. Paisagens urbanas: fotografia e modernidade na cidade de Belém (1846-1908). 2006. 190f. Dissertação (Mestrado em História) - Universidade Federal do Pará - UFPA, 2006.
- SARGES, Maria de Nazaré: PEREIRA, Rosa Cláudia. Photographia Fidanza: um foco sobre Belém. Revista Estudos Amazônicos, vol. VI, n. 2 , p.1-31, 2011.
- TURAZZI, Maria Inez. Poses e trejeitos: a fotografia e as exposições na era do espetáculo: 1839/1889. Rio de Janeiro: Funarte. Rocco, 1995. 309 p. (Coleção Luz & Reflexão, 4).
- VASQUEZ, Pedro Karp. Dom Pedro II e a fotografia no Brasil. Rio de Janeiro: Fundação Roberto Marinho: Companhia Internacional de Seguros: Ed. Index, 1985.
- VASQUEZ, Pedro Karp. Mestres da fotografia no Brasil: Coleção Gilberto Ferrez. Tradução Bill Gallagher. Rio de Janeiro: Centro Cultural Banco do Brasil, 1995.
Como citar
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FELIPE Augusto Fidanza.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa21622/felipe-augusto-fidanza. Acesso em: 04 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7