Alice Ruiz
Texto
Alice Ruiz Scherone (Curitiba, Paraná, 1946). Poeta, compositora, tradutora e publicitária. Publica, em 1962, seus primeiros poemas em jornais e revistas culturais. Em 1968, conhece o poeta Paulo Leminski (1944 - 1989), com quem mais tarde se casa. Junto de outros jovens escritores, participa do grupo de vanguarda Áporo (1969), opondo-se ao provincianismo do meio cultural paranaense. Na mesma época, inicia estudos sobre o haicai, forma breve da poesia japonesa, determinante para sua obra. Em 1971, integra o grupo musical A Chave, iniciando a carreira de letrista de música popular. Publica seu primeiro livro, Navalhanaliga, em 1980. Seu primeiro trabalho de tradução de haicais é lançado em 1981, o livro Dz Haiku: Chine-Jo, Chiyo-Ni, Shisei-Jo, Shokyi-Ni e Shofu-Ni. Em parceria com Leminski, lança, em 1985, Hai Tropikai. Nesse mesmo ano, participa das mostras Arte Pau-Brasil e Transcriar - Poemas em Vídeo Texto, na cidade de São Paulo. Em 1987, assume o posto de diretora de criação na Agência Umuarama, e separa-se de Leminski. Muda-se para São Paulo em 1989, quando também recebe o Prêmio Jabuti pelo livro Vice Versos. Em 1990, participa do projeto Poesia em Out-Door, 100 Anos da Av. Paulista. Organiza com a filha Áurea Leminski, em 1994, O Ex-Estranho, obra póstuma de Paulo Leminski. Mantém a produção de letrista, em parceria com diversos músicos, com destaque para as composições realizadas ao lado de Itamar Assumpção (1949 - 2003). Em 2005, lança o CD Paralelas, com a cantora Alzira Espíndola (1957). Reúne, em 2008, seus primeiros livros, de Navalhanaliga até Vice Versos, no volume 2 em 1.
Análise
A poesia de Alice Ruiz norteia-se pela concisão. Nos poemas iniciais, a pesquisa sobre o haicai, forma poética de extrema brevidade, é associada à influência da poesia concreta. Com isso, os poemas de Navalhanaliga são, ao mesmo tempo, formalmente experimentais e profundamente líricos.
Tal lirismo e intuição, características poéticas menos valorizadas pela vanguarda concreta em sua vocação para a exploração da forma, reaparecem na poesia de Alice em livros como Paixão Xama Paixão ou Pelos Pelos. No entanto, a aclimatação do haicai no Brasil aparece de modo mais consciente nos poemas de Hai Tropikai e Desorientais. Neste, Alice compõe os poemas sempre pensando em seus laços pessoais: dedicatórias a amigos, lembranças amorosas, reminiscências das filhas etc. Por isso, seus haicais são "desorientais": apropriam-se da brevidade e densidade da poesia japonesa sem, contudo, seguir a objetividade e a impessoalidade que essa forma tradicionalmente possui.
Outra característica da poesia de Alice é a musicalidade: mesmo poemas visuais, escritos no início da carreira, tornam-se letra de música nas composições de Itamar Assumpção, como o próprio poema Navalhanaliga. Além disso, a poeta possui muitas letras de canções, gravadas pelos mais diversos artistas, algumas delas reunidas no livro Poesia pra Tocar no Rádio. Dedica-se com a mesma intensidade e princípio poético à literatura e à música.
Obras 2
Exposições 10
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14/10/1983 - 18/12/1983
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2/9/1985 - 9/9/1985
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2/9/1985 - 9/9/1985
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12/9/1985 - 30/9/1985
Links relacionados 2
Fontes de pesquisa 5
- GUIMARÃES, Luciene. Zen, versos, letras de canções. Estado de Minas, Belo Horizonte, 8 set. 2007. Pensar, p. 2.
- MURGEL, Ana Carolina Arruda de Toledo. Alice Ruiz, Alzira Espindola, Tete Espindola e Na Ozzetti: produção musical feminina na vanguarda paulista. 2005. 249f. Dissertação. (Mestrado em História - Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas, Campinas - SP). Disponível em: <http://cutter.unicamp.br/document/?down=vtls000375893>. Acesso em: 19 jan. 2011.
- MURGEL, Ana Carolina Arruda de Toledo. Alice Ruiz: a vida como obra de arte. Mnemozine - Revista de Literatura. São Paulo, n. 3, abr. 2006. Disponível em: <http://www.cronopios.com.br/MNEMOZINE3.exe>. Acesso em: 19 jan. 2011.
- RUIZ, Alice. Entrevista concedida pela poeta, compositora, escritora e tradutora a Jonas Soares Lana, redator da seção de Enciclopédias do Itaú Cultural. s/l. 7 fev. 2011. [entrevista via e-mail].
- RUIZ, Alice. O grande poeta não. In: ASSUMPÇÃO, Itamar. Pretobrás: por que que eu não pensei nisso antes?: O livro de canções e histórias de Itamar Assumpção. vol. 1. 1 Ed. São Paulo. Ediouro, 2006. Il color, 512p. p. 57-78.
Como citar
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ALICE Ruiz.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa21586/alice-ruiz. Acesso em: 03 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7