Rian
![[Sem Título], 1910 [Obra]](http://d3swacfcujrr1g.cloudfront.net/img/uploads/2000/01/010272001019.jpg)
[Sem Título], 1910
Rian
Texto
Biografia
Nair de Tefé von Hoonholtz (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1886 - Niterói, Rio de Janeiro, 1981). Desenhista, pintora e caricaturista. Filha de Antônio Luís von Hoonholtz (1837-1931) - o barão de Teffé, muda-se com a família em 1901 para Paris, e frequenta por dois anos o curso de pintura ministrado por Louise Lavrut (1874-s.d.). Em 1905, retorna ao Brasil e instala-se com a família na cidade de Petrópolis. Nessa cidade, inicia-se na caricatura retratando os membros da elite que visitavam a sua residência. No ano de 1909, publica sua primeira caricatura, intitulada A Artista Rejane, na revista Fon-Fon. No ano seguinte, passa a publicar, nessa revista, a coluna ilustrada Galeria das Elegâncias, onde retrata mulheres da elite carioca, e colabora na revista A Careta, com seus desenhos na seção Galeria das Damas Aristocráticas. Ainda em 1910, publica seus desenhos na Gazeta de Notícias, na seção Galeria dos Smarts. Pouco tempo depois, na revista francesa Fantasio, edita duas páginas de caricaturas de sua autoria, com o título Souvenirs de Rio. No ano seguinte, recebe do governo francês o grau de Officier de l'Instruction Publique. Em 1912, realiza uma exposição individual na sede do Jornal do Comércio, inaugurada pelo então presidente da República, Marechal Hermes da Fonseca (1855-1923), com quem se casa no ano seguinte. Seus desenhos voltam na década 1920 às páginas das revistas Fon-Fon e Revista da Semana. Depois de viver por quase duas décadas em Niterói, em 1964, muda-se novamente para o Rio de Janeiro, onde lança o livro A Verdade sobre a Revolução de 22, em 1974.
Análise
Nair de Tefé é a primeira e uma das poucas mulheres caricaturistas da imprensa brasileira. Torna-se conhecida pelo pseudônimo de Rian, com o qual assina seus trabalhos, constituído pelas letras de seu nome ao contrário. Filha de fazendeiro, era culta, apreciadora de teatro e da leitura, pertencente à alta sociedade da época. Em 1913, casa-se com o marechal Hermes da Fonseca, então presidente da República.
No começo do século XX, frequenta na França os cursos de pintura com Louise Lavrut e de modelo vivo na Académie Julian. Mas é em Petrópolis, onde reside a partir de 1906, que começa a realizar caricaturas com mais frequência, enfocando principalmente pessoas amigas. Nesse período, expõe semanalmente seus trabalhos em vitrines de casas de moda no Rio de Janeiro. Em 1909, publica pela primeira vez seu trabalho, uma caricatura da atriz Réjane, na revista Fon-Fon!. No ano seguinte, a artista dedica-se a desenhar personalidades femininas de relevo na época, para a Galeria das Elegâncias, da Fon-Fon!, e para a Galeria das Damas Aristocráticas, da revista Careta. Nesse período, inicia a Galeria dos Smarts na Gazeta de Notícias, enfocando ali figuras masculinas. Tem caricaturas publicadas em diversos periódicos franceses como o Le Rire, Excelsior, Fémina e Fantasio. Ilustra, em 1914, com diversas caricaturas de personalidades brasileiras o livro The Beautiful Rio de Janeiro, de Alfred Grey Bell, publicado em Londres.
Seus desenhos aproximam-se dos trabalhos de certos caricaturistas franceses, como, por exemplo, os de Daniel de Losques (1880-1915). Rian, como esse artista, realiza uma caricatura esquemática, na qual os personagens são compostos em traços ágeis e elegantes. Para o historiador Herman Lima, o que surpreende em seu trabalho é a espontaneidade do desenho, o poder de síntese que suas obras manifestam ao apresentar apenas o essencial do caráter e da expressão do retratado sem o recurso de deformações.
Depois de um longo período sem realizar caricaturas, retoma a atividade na década de 1940, incentivada por Herman Lima, parando apenas em 1979, por problemas de saúde. Rian, juntamente com Cardoso Ayres (1890-1916), é uma das principais caricaturistas a enfocar a sociedade carioca do começo do século XX.
Obras 3
Exposições 5
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8/11/2002 - 20/5/2001
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24/5/2003 - 29/6/2003
Fontes de pesquisa 9
- 150 anos de pintura no Brasil: 1820-1970. Rio de Janeiro: Colorama, 1989.
- DICIONÁRIO brasileiro de artistas plásticos. Organização Carlos Cavalcanti e Walmir Ayala. Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1973-1980. 4v. (Dicionários especializados, 5).
- FONSECA, Joaquim da. Caricatura: a imagem gráfica do humor. Porto Alegre: Artes e Ofícios, 1999.
- LAGO, Pedro Corrêa do. Caricaturistas brasileiros: 1836-1999. Rio de Janeiro: Sextante Artes, 1999. p. 54-55.
- LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988.
- LIMA, Herman. História da caricatura no Brasil I. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1963.
- LIMA, Herman. História da caricatura no Brasil III. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1963.
- RODRIGUES, Antonio Martins Edmilson. Nair de Teffé: Vidas Cruzadas. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2002 (Os que fazem história). 164p.
- SODRÉ, Nelson Werneck. História da imprensa no Brasil. Rio de Janeiro: Ed. Civilizacao Brasileira, 1966. 583 p. (Retratos do Brasil, 51).
Como citar
Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo:
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RIAN.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa208704/rian. Acesso em: 04 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7