Cesar Aché
Texto
Cesar Aché (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1953). Colecionador, marchand e galerista. Estuda no colégio Santo Inácio e em 1971 ingressa no curso de economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). No final de 1971, muda-se com a família para Gênova, Itália, onde tem intenso contato com arte. Em julho de 1974, volta ao Brasil e cursa o segundo ano da faculdade, até meados de 1975. Durante esse período, mantém uma galeria em Fortaleza. Deixa a faculdade e, ainda em 1975, abre a Galeria César Ache, de arte contemporânea, em Ipanema, Rio de Janeiro. Diversos artistas expõem no espaço, dentre os quais Luiz Paulo Baravelli, Alex Vallauri, Celeida Tostes, Aloysio Zaluar e Amador Perez (1952). Em 1981, Thereza Simões apresenta seus neons na mostra Pulso da Noite. Beatriz Milhazes faz suas duas primeiras individuais na galeria, em 1985 e 1987. Darel Valença Lins apresenta seus trabalhos em 1981; Milton Machado, em 1981 e 1986; Manfredo de Souzanetto, em 1982 e 1984; e Emanoel Araújo, em 1984 e 1986. Em 1983, sua galeria realiza uma exposição das alegorias de um desfile de carnaval chamada Como Era Verde meu Xingu, do carnavalesco Fernando Pinto, da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel. A mostra atrai um público numeroso, incluindo muitas excursões de escolas. Em agosto de 1986, a galeria é transferida para o centro da cidade, na Rua da Candelária. A reforma do novo espaço, um sobrado, é feita por Carlos Vergara e o projeto gráfico é da designer Sula Danowski. Entretanto, por questões financeiras, a galeria fecha suas portas em 1987.
César ressalta o lado profissional e sistemático de sua atuação como galerista. Ele faz contratos com seus artistas e ocupa-se da divulgação de suas obras. Por exemplo, em 1984, todos os artistas representados por ele estão presentes no livro Explode Geração, do crítico Roberto Pontual (1939 - 1994). Eles também aparecem frequentemente na revista Módulo e a galeria faz fôlderes de seus artistas. Pode-se citar como exemplo a participação de Manfredo de Souzanetto na 17ª Bienal Internacional de São Paulo, de 1983, que contou com a produção de um fôlder para distribuição no evento.
Mas o galerista não se ocupa apenas de arte contemporânea. Ainda nos anos 1970, inicia uma coleção de arte popular influenciado pelas viagens que faz quando criança a Salvador, com os avós. Em 1978, abre outra galeria, de arte popular, chamada Arte Popular Brasileira. No mesmo espaço, mantém um antiquário especializado em mobiliário brasileiro. Em 1984, o antiquário ganha uma loja própria, chamada César Aché, no Cassino Atlântico. Em 1985, é transferido para o Rio Design Center. A galeria e o antiquário fecham no mesmo tempo que a galeria de arte contemporânea. Desde então, César passa a dedicar-se à atividade de consultor independente.
Em 1989, a companhia Vale do Rio Doce pede emprestadas peças do seu acervo pessoal para ilustrar o relatório anual da empresa. No mesmo ano, César Aché torna-se curador do Espaço Cultural Companhia Vale do Rio Doce de arte e tradições populares, na sede da empresa, no Rio de Janeiro. Entre 1989 e 1992, realiza exposições de artistas populares como Isabel Mendes da Cunha (1924), Artur Pereira (1920 - 2003), Ulisses Pereira Chaves (1922 - 2006), GTO e Noemisa Batista dos Santos (1947), de diferentes regiões do Brasil. Organiza mostras temáticas, como Olha a Cobra - sobre os mitos e histórias envolvendo esse animal -, ou ainda sobre ex-votos e seres míticos. As peças das exposições são de sua coleção. O centro é fechado em 1992.
Depois da grande exposição itinerante internacional da obra de Hélio Oiticica, em meados dos anos 1990, César Aché representa comercialmente o Projeto Hélio Oiticica durante aproximadamente seis anos. Nessa época, vende quatro Metaesquemas para o colecionador argentino Eduardo F. Constantini, hoje no acervo do Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires (Malba). Por meio do curador Paulo Herkenhoff (1949), é responsável pela venda de obras de Hélio Oiticica e de artistas concretos pela colecionadora venezuelana Patricia Phelps de Cisneros. Em 2001, o Centro Cultural Light apresenta a exposição Expressão Popular, Coleção César Aché, com 152 de suas peças. No texto de apresentação, ele explica sua vontade de preservar artistas quase anônimos e distingue a arte popular do artesanato. A diferença, para ele, é de intenção. Ressalta que a maior parte dos artistas populares que conheceu falam de uma "revelação" em razão da qual passam a produzir.
Aché considera sua coleção complementar às outras coleções de arte popular e, por isso, não se preocupa em ter peças de todos os artistas já conhecidos. No entanto, sua coleção é referência na área.
Exposições 4
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16/11/1989 - 30/11/1989
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17/9/2001 - 30/9/2001
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28/11/2005 - 31/3/2004
Fontes de pesquisa 4
- ACHÉ, César. [Currículo]. Enviado pelo colecionador em 11 jan. 2010.
- COUTINHO, Wilson. As constelações poéticas de Thereza Simões. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 18 jul. 1981. Caderno B, Artes Plásticas, p. 6. Disponível em: <http://news.google.com/newspapers?nid=1246&dat=19810718&id=f_snAAAAIBAJ&sjid=UMwEAAAAIBAJ&pg=3081,845126>. Acesso jan. 2010.
- EXPRESSÃO popular, coleção César Aché. Rio de Janeiro: Centro Cultural Light, 2001. 61 p., il. color.
- NAME, Daniela. Um país que tem orgulho do próprio umbigo: exposição da coleção César Aché no Rio comprova a onda de revalorização da arte popular pelos brasileiros. O Globo, Rio de Janeiro, 5 ago. 2001. Segundo Caderno, p. 2.
Como citar
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CESAR Aché.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa19473/cesar-ache. Acesso em: 04 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7