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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Victor Burton

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 27.11.2020
1956 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
Victor Alexis Burton (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1956). Designer gráfico. Filho do artista gráfico francês, radicado no Brasil, Michel Burton. No período entre 1963 a 1979, a família muda-se para Milão, Itália. A formação profissional dá-se de modo informal, no convívio com o pai e durante o período em que atua como estagiário na editora Fr...

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Victor Alexis Burton (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1956). Designer gráfico. Filho do artista gráfico francês, radicado no Brasil, Michel Burton. No período entre 1963 a 1979, a família muda-se para Milão, Itália. A formação profissional dá-se de modo informal, no convívio com o pai e durante o período em que atua como estagiário na editora Franco Maria Ricci, em Parma, Itália, casa especializada em livros de arte. Cria suas três primeiras capas de livros para a editora italiana Il Formichiere em 1977. Em 1979, de volta ao Brasil, Victor assina contrato de exclusividade mútua para trabalhar como capista da editora Nova Fronteira.

Em 1986, recebe seu primeiro prêmio Jabuti pela capa do livro A Floresta da Tijuca e a Cidade do Rio de Janeiro. No mesmo ano, Victor é convidado pelo editor Luiz Schwarcz (1956) para criar capas para a recém-criada Companhia das Letras. O capista rompe o contrato de exclusividade com a Nova Fronteira e sobressai-se como um dos mais prolíficos designers de livros no Brasil. A partir dos anos 1990, cria capas de livros e projetos gráficos para diversas editoras, como Companhia das Letras, Record, Sextante, Ática, Objetiva, Ediouro, Aeroplano, DBA, Edusp e Metalivros. Nessa trajetória, destaca-se o projeto gráfico para o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, publicado pela Editora Objetiva, em 2001.

Nos anos 1998 e 2000, Victor Burton recebe destaque nas bienais promovidas pela Associação dos Designers Gráficos (ADG), em São Paulo, e conquista o prêmio Ouro na edição de 2002. Nas décadas de 1990 e 2000, é contemplado várias vezes com o Prêmio Jabuti de melhor capa e projeto editorial. Recebe o prêmio Aloísio Magalhães, concedido pela Fundação Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, por projetos gráficos desenvolvidos em 1995, 1997 e 2001.

 

Análise

Michel Burton, pai de Victor, frequenta a escola Arts et Métiers, em Genebra, Suíça, no fim dos anos 1940. Muda-se para o Rio de Janeiro nos anos 1950 e trabalha em diversas áreas da publicidade e das artes gráficas, atuando inclusive como diretor de arte da revista Senhor. Victor Burton admira o trabalho do pai e, desde cedo, frequenta sua biblioteca – herança do avô e do bisavô bibliófilos –, onde nasce a paixão por livros. 

Criado entre França e Itália, Burton traz a vivência cultural europeia para o Brasil. Os princípios de diagramação propostos pelo tipógrafo italiano Giambattista Bodoni (1740-1813) [1] estão presentes no estilo do designer: preferência pela tipografia serifada, aliada a um rico repertório de ornamentos, vinhetas, ligaduras, fios e molduras. Opta também pelo uso de ilustrações e iconografia provenientes da história da arte – como a pintura do francês Auguste Renoir (1841-1919), utilizada na capa do livro A Última Convidada (1989), de Josué Montello (1917-2006), publicado pela Nova Fronteira. Ao empregar esses elementos nos primeiros trabalhos, Victor revela o estilo clássico e inovador. Nas décadas de 1970 e 1980, o conhecimento de tipografia e história da arte e da gráfica ainda não está difundido entre designers editoriais, o que destaca a atuação de Victor Burton. Para a designer Isabella Perrotta:

 

Burton acredita que teve a sorte de chegar ao Brasil num momento muito favorável e com um ótimo espaço para desenvolver seu trabalho [...] naquele momento predominava a baixa qualidade gráfica no mercado editorial. Não havia mais o inovadorismo das editoras José Olympio e Civilização Brasileira e, no caso da Record, tudo era trazido de fora. A Nova Fronteira era a editora com o melhor catálogo da época e já com alguma tradição na sua apresentação gráfica [2].

 

No começo dos anos 1990, quando Victor Burton passa a colaborar com outras editoras, seu trabalho ganha visibilidade. Na opinião do professor João de Souza Leite, com a ampliação do cenário editorial e o aumento da oferta de serviços prestados por designers, ocorre uma multiplicação do partido gráfico de Burton [3], que se torna referência para outros profissionais da área. 

No mesmo período, o estilo de Victor dinamiza-se, torna-se contemporâneo e com menos elementos decorativos. Por vezes, abandona os ornamentos, as molduras e as fontes serifadas, como na coleção Plenos Pecados (1999), para a qual desenvolve o projeto gráfico completo, com ousado predomínio do vermelho em fundos chapados de cor. 

Ao longo da década de 2000, Victor Burton realiza diversos projetos gráficos completos de obras relacionadas a história, arte e fotografia no Brasil, como A Missão Francesa (2003), O Aleijadinho e sua Oficina (2002), O Negro e a Fotografia Brasileira do Século XIX (2004).

Entre os projetos gráficos, merece destaque o Dicionário Houaiss, de 2001. Do papel ao acabamento, passando pela excelente diagramação e legibilidade da tipografia, projetada por Rodolfo Capeto especialmente para este fim, o livro impressiona pela qualidade gráfica e representa importante marco no design editorial de língua portuguesa.

 

Notas

1. Tipo de letra desenhada por Giambattista Bodoni (1740-1813) em 1788, considerado um dos tipos mais importantes da história da tipografia e marco inicial dos tipos modernos. 

2. PERROTA, Isabella. Victor Burton. Rio de Janeiro: Viana & Mosley, 2006. p. 33.

3. LEITE, João de Souza. Victor Burton. São Paulo: J. J. Carol, 2005. p.12. (Série Portfólio Brasil Design Gráfico.)

Exposições 3

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Fontes de pesquisa 4

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  • COMPANHIA das Letras. Victor Burton. Disponível em: http://www.companhiadasletras.com.br/autor.php?codigo=02189. Acesso em: set. 2013.
  • LEITE, João de Souza. Victor Burton. São Paulo: J. J. Carol, 2005. (Série Portfólio Brasil Design Gráfico.).
  • PERROTTA, Isabella. Victor Burton. Rio de Janeiro: Viana & Mosley, 2006.
  • VAINFAS, Ronaldo. Dicionário do Brasil Colonial 1500-1808. Rio de Janeiro : Objetiva, 2000. 594 p. il. não catalogado

Como citar

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