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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Valdirlei Dias Nunes

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 24.02.2017
1969 Brasil / Paraná / Bom Sucesso
Valdirlei Dias Nunes da Silva (Bom Sucesso, PR, 1969). Pintor, escultor e desenhista. Nasce em em uma cidade com menos de 5.000 mil habitantes e, para dar continuidade aos estudos, muda-se com a família para Maringá, onde ingressa no curso de farmácia e bioquímica. Desde cedo demonstra interesse pelas artes visuais, realizando cursos esporádicos...

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Biografia

Valdirlei Dias Nunes da Silva (Bom Sucesso, PR, 1969). Pintor, escultor e desenhista. Nasce em em uma cidade com menos de 5.000 mil habitantes e, para dar continuidade aos estudos, muda-se com a família para Maringá, onde ingressa no curso de farmácia e bioquímica. Desde cedo demonstra interesse pelas artes visuais, realizando cursos esporádicos e aprimorando-se por meio da leitura de revistas como a Domus, que dedica dez páginas de cada edição à arte contemporânea, que encontra na biblioteca da universidade. Inicia seu trabalho de forma autodidata, com vindas esporádicas a São Paulo. Começa a expor no início da década de 1990 e se muda para a capital paulista em 1994, aos 25 anos. Entre os anos de 1997 e 1998 realiza residência em Nova York.

Desde os trabalhos iniciais dedica-se a investigar a representação de objetos banais em superfícies bidimensionais, destacando o caráter ambíguo, problemático do processo de refigurar um objeto tridimensional sobre uma superfície plana e vazia. As pinturas e desenhos de seus primeiros anos de produção são descritos como espécies de naturezas-mortas, nas quais os tradicionais arranjos florais, de frutas ou animais, são substituídos por objetos simples e geométricos - numa remissão à assepsia minimalista -, apresentados de forma depurada, sem tema ou conteúdo alegórico, dispostos em cima de mesas e caixas que funcionam como pedestais e diante de fundos sempre limpos e neutros, negros ou brancos.

Análise

Há algo de teatral nas telas de Valdirlei Dias Nunes. Apesar da grande depuração formal, que o aproxima da estética minimalista, e da ausência quase absoluta de qualquer procedimento narrativo, ou elemento metafórico em suas telas, o artista paranaense recria em suas obras uma certa simbologia, que remete ao gênero da natureza-morta e que representa com grande precisão de detalhes e riqueza de ornamentos o que pertence ao lado banal da vida. Simples caixas de madeira com suas tramas de veios aparentes se tornam, pelo simples fato de serem transformadas em objetos dignos de representação pictórica, em espécies de relicários, como afirma o crítico Adriano Pedrosa.1

O caráter perturbador de sua obra reside no contraste entre o preciosismo com que objetos banais são representados e sua absoluta falta de significado. Tal situação, que a crítica associa a uma ironia fina, é potencializada pelo confronto estabelecido entre a aparência "real", orgânica, da madeira (ou metal, em alguns casos) representada e o despojamento geométrico que ela assume. Valdirlei questiona nessas "estruturas minimalistas, pintadas com ofício de miniaturista e precisão de relojoeiro"2 o próprio lugar da pintura no mundo contemporâneo. Ou como sintetiza o historiador Tadeu Chiarelli em texto sobre as primeiras pinturas do artista, ao expurgar sua obra de elementos externos, narrativos ou redundantes, Valdirlei acaba por pintar a própria crise de seu meio de expressão.3

Notas

1 PEDROSA, Adriano. A pintura roubada/The Stolen Painting. Trans>arts.cultures.media, n. 9-10, Nova York e São Paulo, 2001, p. 292.

2 A síntese é de autoria do crítico Virgilio Garza. Ver GARZA, Virgílio. El mundo en una caja, Celeste #1 (Monterrey), Summer 2001, págs. 38-40.

3 CHIARELLI, Tadeu. Obras resgatam o encanto da pintura. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 30 de mar., 1994, pág. D4.

Exposições 57

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Fontes de pesquisa 12

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  • BASUALDO, Carlos. Bengalas: Valdirlei Dias Nunes. São Paulo: Casa Triângulo, mar. 1994, brochura.
  • CHAIMOVICH, Felipe. Crítica: prisão contemporânea. Bravo! n. 106 (São Paulo), jun. 2006, p. 83.
  • CHAIMOVICH, Felipe. Espécie rara na arte brasileira. Jornal da Tarde, Variedades, 10 jan. 1997.
  • CHIARELLI, Tadeu. Obras resgatam o encanto da pintura. O Estado de São Paulo, São Paulo, 30 mar., 1994, p. D4.
  • FIORAVANTE, Celso. Paintings that talk about paintings. Southward Art, Buenos Aires, n. 6, dez.-fev., p. 110-117.
  • GARZA, Virgílio. El mundo en una caja. Celeste, Monterrey, n. 1, sum. 2001, p. 38-40.
  • Galeria Triângulo. Disponível em: < http://www.casatriangulo.com/site.htm>. Acesso em: 6 jul. 2011. Não catalogado
  • MOURA, Rodrigo. Valdirlei Dias Nunes. Flash Art, Itália, n. 250, out. 2006, p.125-126.
  • OLIVA, Fernando. Valdirlei Dias Nunes. Lapiz, Espanha, n. 224, jun. 2006, p. 83.
  • PEDROSA, Adriano. A pintura roubada (The stolen painting). Trans>arts.cultures.media, n. 9-10, Nova York: São Paulo, 2001, p. 292.
  • PEDROSA, Adriano. V. D. Nunes, sem título (relevos): antecedentes e predecessores. Touch of Class, 13 mai 2011.
  • SALÃO PARANAENSE, 48., 1991, Paraná, PR. 48º Salão Paranaense. Curitiba: Sala de Exposições-Teatro Guaíra, 1991. PRsp 1991

Como citar

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