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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Lucila Meirelles

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 16.02.2024
1953 Brasil / São Paulo / São Paulo
Lucila Carvalho Junqueira Meirelles (São Paulo, São Paulo, 1953). Videoartista, diretora de TV, performer, curadora. Reconhecida como uma das pioneiras da videoarte no Brasil, destaca-se por abordar temas sociais de uma perspectiva experimental, informada por suas investigações de linguagem no campo da videoarte.

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Lucila Carvalho Junqueira Meirelles (São Paulo, São Paulo, 1953). Videoartista, diretora de TV, performer, curadora. Reconhecida como uma das pioneiras da videoarte no Brasil, destaca-se por abordar temas sociais de uma perspectiva experimental, informada por suas investigações de linguagem no campo da videoarte.

Inicia sua atuação como performer na década de 1970, ao lado do multiartista José Roberto Aguilar (1941), e atua na maior parte dos vídeos e eventos multimídia deste realizador, como: Lucila, Filme Policial (1977), Rio de Luz (1978), O Circo Antropofágico (1977) e Opera do 3º Mundo (1978). Os primeiros anos de sua trajetória se dão sob o contexto de forte repressão da ditadura militar, estabelecendo uma pesquisa voltada para o cotidiano. 

A partir dos anos 1980, dá início a uma produção independente de vídeos documentários e ficções experimentais, com os quais percorre importantes mostras internacionais, como The Kitchen, em Nova York, Manifestation Internacionale de Vídeo et Télévision, em Montbeliárd, na França, e The Black Aesthetic, em Washington. Organiza duas curadorias de resgate e restauro dos primeiros trabalhos realizados em vídeo no Brasil – Os Pioneiros (1985) e Olho do Diabo: Videografia de Aguilar (1986) –, além da mostra de José Agrippino de Paula, no Centro Cultural São Paulo (2008). Também realiza para o SescTV as séries Álbum Videográfico: Ciclo José Agrippino de Paula (2007), Poéticas do Invisível (2010) e Ofícios (2012).

Realiza o curta documental Pivete (1987), produzido com filmagens na Febem do Tatuapé, em São Paulo. Lucila obtém autorização para entrar e filmar os menores de idade do complexo de detenção de jovens infratores, o maior do Brasil na época. Sem mediação, os menores se expressam livremente, acerca de temas como liberdade e drogas. O vídeo rompe com a perspectiva institucional e valoriza gestos, olhares e atitudes, numa abordagem informal que oferece uma visão do jovem infrator por ele mesmo.

O trabalho da artista une pesquisa de linguagem a uma enorme empatia por setores marginalizados da sociedade, estabelecendo um diálogo mútuo entre forma e conteúdo. Em Crianças Autistas (1989), Lucila retrata o universo de crianças autistas, transpondo características de seus olhares e movimentos, como vertigem e repetição, para a câmera, a paleta cromática e a pesquisa de som. Quase dez anos depois, conclui Cego de Oliveira – no Sertão do Seu Olhar (1998), que, assim como Crianças Autistas, explora a zona limite entre comunicação e “não comunicação”. Cego de Oliveira relaciona, poeticamente, a visão subnormal com a visão do sertão nordestino, elaborando uma passagem desse “não olhar” para a linguagem do vídeo. Por meio do relato de um velho músico, tocador de rabeca, a autora sustenta uma metáfora da cegueira, na qual a visão parcial de seu personagem não prejudica sua visão de mundo. Lucila explora o excesso de luz e a poeira do sertão, assim como aspectos históricos da vida sertaneja e da fisiologia da visão, e os relaciona com imagens leitosas, opacas e desfocadas, além de legendas trêmulas e com as bordas indefinidas. 

Em 2002, recebe a Bolsa Rumos Itaú Cultural Transmídia, que apoia a convergência de mídias e novas intersecções entre arte, ciência, mídia e tecnologia, para a elaboração do projeto O Fantasma Solitário do Porão Eletrônico Devora os Códigos Secretos do Sistema Operacional como Espagueti Retorcido Impreciso, uma instalação interativa que aborda a linguagem criptografada dos hackers. Assim como em seus vídeos, estabelece um estreito diálogo entre linguagem e conteúdo, que se dá tanto na formatação dos softwares que compõem a instalação, como no espaço físico: um dispositivo que mistura realidade fantástica e ficção científica underground, remetendo a um porão eletrônico escondido. Neste ambiente operacional hacker, uma rede enxuta de computadores são posicionados para o visitante interagir, tornando-o, ao mesmo tempo, invasor e invadido. 

Lucila Meirelles aposta no mundo particular de cada indivíduo como um campo aberto de investigação e construção de subjetividades. Em sua obra, comunica uma visão crítica de mundo ao mesmo tempo que experimenta outras espacialidades e temporalidades, por meio da construção de um “olhar de dentro”, isto é, investiga e coloca em diálogo aspectos de linguagem com situações limites que perpassam a existência humana, especialmente as que se dão às margens da sociedade.

Exposições 17

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Fontes de pesquisa 8

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