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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Gilbertto Prado

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 19.11.2023
16.08.1954 Brasil / São Paulo / Santos

9/4 Fragmentos de Azul, 1997
Gilbertto Prado
Instalação interativa – computadores e estrutura de metal

Gilbertto dos Santos Prado (Santos, São Paulo, 1954). Artista multimídia, professor e pesquisador. Em 1978, forma-se em Engenharia Mecânica e, em 1987, em Artes, ambos os cursos pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Especializa-se em Estética pela Université Panthéon-Sorbonne – Paris 1, onde obtém, em 1994, o título de doutor em Arte...

Texto

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Gilbertto dos Santos Prado (Santos, São Paulo, 1954). Artista multimídia, professor e pesquisador. Em 1978, forma-se em Engenharia Mecânica e, em 1987, em Artes, ambos os cursos pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Especializa-se em Estética pela Université Panthéon-Sorbonne – Paris 1, onde obtém, em 1994, o título de doutor em Artes e Ciências da Arte, com a tese Expériences Artistiques d'Images dans les Réseaux Télématiques. Inicia as atividades artísticas nos anos 1970, com trabalhos de mail art (arte postal), que lhe rendem participação na 16ª Bienal de São Paulo, em 1981. 

Na década de 1980, integra diversas exposições envolvendo novas linguagens e meios de criação artística, como a mostra Arte Xerox Brasil, em 1984. A partir de 1990, trabalha sistematicamente com redes artístico-telemáticas. Integra o grupo francês Art-Réseaux e participa de diversos projetos, como City Portraits (1990), Connect (1991) e Mutations de l'image (1994). Entre 1997 e 2001, atua como professor no departamento de Multimeios do Instituto de Artes da Unicamp. 

Em 2000, com apoio do Projeto Rumos Novas Mídias, do Itaú Cultural, realiza o ambiente virtual multiusuário Desertesejo, que explora poeticamente a extensão geográfica, rupturas temporais, a solidão, a reinvenção constante e a proliferação de pontos de encontro e partilha, em diversos ambientes que se interconectam. O trabalho conquista, em 2001, menção especial no 9º Prix Möbius International des Multimédias, em Pequim, China. Em 2003, publica pelo Itaú Cultural o livro Arte Telemática: dos Intercâmbios Pontuais aos Ambientes Virtuais Multiusuário. Em 2004, participa como curador da exposição Emoção Art.ficial II: Divergências Tecnológicas (2004), exibida no Itaú Cultural, São Paulo. Desde 2001, leciona no departamento de Artes Plásticas da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP), onde atua como professor-titular e coordena o Grupo Poéticas Digitais.

Análise

A obra e a atuação de Gilbertto Prado mesclam-se à história da vertente de arte e tecnologia no Brasil. No fim dos anos 1970, o artista mostra-se atento às novas formas e aos processos criativos experimentais, tais como arte postal, xerox e fax.

Muitos dos projetos de que Prado participa procuram a abertura proporcionada por esses novos meios, especialmente a arte postal. Outros dois traços marcantes de seus trabalhos são o registro de ações de diferentes sujeitos em locais distantes e a construção de redes artísticas colaborativas, capazes de romper fronteiras espaciais, territoriais e políticas. 

É o caso de Moone, la Face Cachée de la Lune, trabalho apresentado simultaneamente no Electronic Cafe International1, em Paris, e na 9ª Documenta de Kassel, na Alemanha, em 1992. O trabalho consiste na construção colaborativa de uma tela com desenhos e imagens, compartilhada em tempo real, por meio de rede digital, entre Paris e Kassel. Realizado num contexto anterior à comercialização e difusão da rede internet, o projeto alia pesquisa tecnológica a questionamentos próprios da produção artística contemporânea, que põem em xeque a noção tradicional de autoria de um único indivíduo criador. Esse tipo de aliança, marcante na obra de Prado, coloca o artista entre as principais referências da arte digital produzida no Brasil.

Em seus trabalhos e textos à partir de 2000 considera que as redes são o eixo de produção do imaginário, e se manifestam invisíveis, porém com a capacidade de refletir a dinâmica econômica e social da contemporaneidade. 

Prado considera que os processos de criação, habitualmente coletivos, na arte em rede ativam ações, ao invés de se concentrarem na produção de artefatos. A rede, sob este ponto de vista também atinge um público geograficamente disperso mas com um interesse específico nas ideias e conceitos propostos. 

Os novos processos que atestam a presença e a influência da tecnologia da comunicação informatizada no cotidiano do cidadão contemporâneo representam novos contextos para a reflexão e o fazer artístico. É um imaginário social e artístico em transformação. Espaços de transição,que funcionam como ativadores ou catalisadores de ações que se seguem e se encadeiam. O artista propõe um contexto, uma exploração de relações entre seres e coisas, um quadro sensível, trabalho em potência, em que algo pode ou não ser produzido.

Nota

1. Concebido pelos artistas telecolaborativos estadunidenses Kit Galloway (1948) e Sherrie Rabinowitz (1950-2013), o Electronic Cafe International, cuja primeira edição ocorre em 1984, em Los Angeles, é considerado o primeiro cibercafé do mundo. Cf.

Obras 1

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Exposições 25

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Fontes de pesquisa 13

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  • CUZZIOL, Marcos. Desertesejo 2000 - Canteiro de Obras; relatoria COELHO, Julia in Arte Contemporânea: Preservar o quê? FREIRE, Cristina (org.). Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, 2015. p. 161-166
  • MACHADO, Arlindo (Org.). Made in Brazil: três décadas de vídeo no Brasil. Itaú Cultural: Editora Iluminuras, 2003.
  • MELLO, Christine. Extremidades do vídeo. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2008, p. 212-216.
  • MONACHESI, Juliana. "Acaso 30, Entrevista com Gilbertto Prado", Ars, ano 3, n.6, São Paulo, 2005.
  • PLAZA, Julio e TAVARES, Monica. Processos Criativos com os meios eletrônicos: poéticas digitais. São Paulo: Hucitec, 1998, pp. 228-230.
  • PRADO, Gilbertto. "Algumas experiências de arte em rede: projetos wAwRwT, Colunismo e Desertesejo" in Porto Arte, v. 17, n. 28, 2010.
  • PRADO, Gilbertto. "Experimentações artísticas em redes telemáticas e web." Arte Brasil. São Paulo, vol.1, no.1, 1998.
  • PRADO, Gilbertto. Arte telemática: dos intercâmbios pontuais aos ambientes virtuais multiusuário. São Paulo: Itaú Cultural, 2003.
  • PRADO, Gilbertto. Grupo Poéticas Digitais: projetos desluz e amoreiras. ARS (São Paulo), São Paulo, v. 8, n. 16, 2010. p. 110-125
  • PRADO, Gilbertto. ‘Digital Art, Dialogues and Process’. In: Possible Futures: Art, Museums And Digital Archives (org. Ana Gonçalves Magalhães; Giselle Beiguelman), São Paulo: Ed. Peirópolis, 2013. p. 114-128
  • PRADO, Gilbertto. “Projetos recentes do Grupo Poéticas Digitais” In: Poesia Visual. (org. Alberto Saraiva). Rio de Janeiro: F10 Editora - Oi Futuro, 2013. p. 14-21
  • PRADO, Gilbertto. ”Artistic Experiments on Telematic Nets : Recent Experiments in Multiuser Virtual Environments in Brazil”, In: Leonardo, Vol. 37, No. 4, 2004. MIT Press, USA. p. 297-303
  • Prado, Gilbertto. Projetos recentes do Grupo Poéticas Digitais: “Ø25 – Quarto Lago”, “Mirante 50” e “Caixa dos Horizontes Possíveis”. Diálogos transdisciplinares: arte e pesquisa. Prado, Gilbertto; Tavares, Monica; Arantes, Priscila (org.). São Paulo : ECA/USP, 2016.

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