Rubens Mano

Básculas, 2000
Rubens Mano
Instalação
Texto
Biografia
Rubens da Silva Mano (São Paulo SP 1960). Artista multimeios. Em 1984, forma-se na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de Santos e freqüenta cursos de extensão em fotografia. No fim da década de 1980, inicia pesquisas sobre a paisagem urbana e realiza seus primeiros objetos tridimensionais. Entre 1992 e 1998, organiza, com Eli Sudbrack (1968), Everton Ballardin (1965) e José Fujocka (1969), o projeto Panoramas da Imagem, com exposições, oficinas e debates sobre a presença da fotografia na produção artística contemporânea. Recebe o Prêmio Estímulo à Fotografia da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, em 1993. Como desdobramento de sua produção fotográfica, começa a investigar as correspondências entre imagem e espaço, quando transpostas para o ambiente real das cidades. Um exemplo é a instalação Detetor de Ausências, 1994 - sua participação no evento Arte Cidade II - em que projeta dois feixes de luz sobre o viaduto do Chá, em São Paulo. Em 2001, recebe o Prêmio Aquisição do Panorama da Arte Brasileira, concedido pelo Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP). No ano seguinte, participa da 25ª Bienal Internacional de São Paulo. Entre 2002 e 2003, desenvolve o projeto Paisagens Incertas - série de intervenções e fotografias produzidas com o auxílio de uma bolsa da Fundação Vitae. Em 2003, conclui mestrado em artes na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). Participa da Biennale of Sydney, em 2004, com o projeto Visor. Interessado na reflexão relativa às mediações entre o trabalho de arte e sua audiência, principalmente em ações propostas para os espaços das cidades, inicia em 2005 o projeto Visible, preparado para a última edição do inSite (Tijuana, México/San Diego, Estados Unidos). Em 2006, ganha uma bolsa da Cisneros Fontanals Art Foundation e, em 2008, participa do projeto Espaços Reversíveis no Museu Cruz e Souza, em Florianópolis e ocupa o espaço do Octógono, na Pinacoteca do Estado de São Paulo, com o trabalho contemplação suspensa.
Comentário Crítico
Rubens Mano, na primeira metade da década de 1990, apresenta trabalhos nos quais discute conceitos convencionalmente relacionados à fotografia. Em 1994, dentro do projeto Arte Cidade II, realiza a intervenção Detetor de Ausências, instalando dois holofotes militares em ambos os lados do Viaduto do Chá, em São Paulo. Os fachos de luz, paralelos e não coincidentes, atingem o fluxo de pedestres, enfatizando o anonimato das pessoas e a passagem do tempo. Busca ainda proposições que privilegiem o diálogo com o espaço urbano e seus habitantes. Na opinião do historiador da arte Tadeu Chiarelli, o artista propõe a cada indivíduo outras possibilidades de percepção do espaço urbano, por meio da compreensão de uma das "especificidades" da fotografia moderna - a luz como energia, como agente de transformação do espaço e do tempo.
Na exposição básculas, realizada em 2000, o artista coloca algumas peças tridimensionais em locais estratégicos da galeria. Essas peças integram uma espécie de rede ou circuito, estando relacionadas a outros elementos que se distribuem pelo espaço expositivo, como os barrados de espelho colocados em uma das salas. Enquadrado por espelhos, o local pode ser visto refletido e desdobrado em várias direções. Por meio da imagem, esse espaço torna-se infinito. Como nota ainda Tadeu Chiarelli, os elementos e o espaço constituem-se em um único complexo. O interior da galeria é equipado não para exibir objetos nem para tornar-se ele mesmo objeto de exibição: transforma-se antes numa grande câmara. A galeria e os aparelhos ali instalados captam de maneira fugidia o fluxo do tempo, por meio do próprio ir e vir do público.
Rubens Mano escolhe preferencialmente locais da cidade não identificados com museus e áreas culturais, procurando a interação direta e não mediatizada com vários segmentos da sociedade ou com pessoas que vivenciam a cidade sempre como um obstáculo. O artista faz dos simples observadores, pessoas comuns, os atores de suas intervenções.
Obras 23
Auto-Retrato
Básculas
Básculas
Bettina Misatti
Bueiro
Exposições 101
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11/1988 - 12/1988
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19/12/1992 - 2/2/1991
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11/10/1993 - 16/10/1993
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28/10/1993 - 12/11/1993
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Fontes de pesquisa 24
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- SEMANA Fernando Furlanetto, 1., 1998, São João da Boa Vista. 1º Semana Fernando Furlanetto. Produção Samantha Moreira. São João da Boa Vista: Prefeitura Municipal, 1998.
Como citar
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RUBENS Mano.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa13718/rubens-mano. Acesso em: 03 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7