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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Laurita Salles

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 19.08.2022
1952 Brasil / São Paulo / São Paulo
Foto de Humberto Pimentel/Itaú Cultural

Sem Título, 1999
Laurita Salles
Cerâmica
Acervo Fundação Itaú

Laurita Ricardo de Salles (São Paulo, São Paulo, 1952). Gravadora, escultora, professora. Junto ao percurso como docente, a trajetória artística de Laurita Salles envolve pesquisas sobre materiais e métodos de gravação, bem como propõe a articulação entre tecnologia e técnicas da gravura e da escultura.

Texto

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Laurita Ricardo de Salles (São Paulo, São Paulo, 1952). Gravadora, escultora, professora. Junto ao percurso como docente, a trajetória artística de Laurita Salles envolve pesquisas sobre materiais e métodos de gravação, bem como propõe a articulação entre tecnologia e técnicas da gravura e da escultura.

De 1972 a 1973, frequenta cursos na Escola Brasil e, entre 1977 e 1982, cursa graduação em artes plásticas na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), período em que tem aulas com Evandro Carlos Jardim (1935)

Em 1988, como bolsista da Fundação Vitae e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), estuda gravura no Atelier 17, de Stanley Willian Hayter (1901-1988), em Paris, e história da gravura no Gabinete de Estampas da Biblioteca Nacional da França. Com base nesses estudos, passa a considerar a gravação em placas de metal como um processo independente dos métodos de impressão sobre papel. 

A atuação de Salles também envolve a docência: entre 1991 e 1994, leciona desenho e gravura na Faculdade de Comunicação e Artes da Universidade Mackenzie. No mesmo período, leva adiante uma pesquisa que, como nota a historiadora da arte Annateresa Fabris (1947), direciona-se à compreensão das relações entre força, resistência de materiais e instrumentos, sendo o ato de gravar a busca do ponto de encontro entre ação e matéria. Tal premissa remete à produção expressionista, na qual a gravura, um campo de experimentação privilegiado, revela os vestígios dos gestos do artista. 

Em superfícies que apresentam cortes e irregularidades, insinua-se uma espacialidade e emanações de cor e luz, capazes de acentuar a tensão presente nas composições. Como também aponta Fabris, essas gravuras contêm superfícies atravessadas por ritmos verticais e horizontais e regiões de adensamento que definem um jogo estável/instável entre superfície e profundidade. A crítica Maria Alice Milliet (1942) interpreta em um trabalho desse período, a série Matéria fendida (1994), uma sensação de "uma paisagem devastada".

Ao longo de sua carreira, Laurita Salles se concentra cada vez mais na matriz em metal, conforme analisa o historiador da arte Tadeu Chiarelli (1956). O material, então, deixa de ser um meio para alcançar a imagem sobre o papel para se tornar o foco principal de sua poética, como ocorre na série Niello (1994). Passando a criar gravuras-objetos, explora tanto a natureza da gravura quanto a da escultura e tem como base o desbastamento da matéria.

A partir de meados da década de 1990, realiza trabalhos tridimensionais que requerem um aparato industrial para a concretização, como ocorre em Formas rolantes (1994-1995). A obra consiste em cilindros de derivação industrial, em cuja superfície são inseridas marcas ou fendas.

Começa a expor placas metálicas gravadas em 1996. Enquanto cursa mestrado na ECA-USP, entre 1995 e 1999, segue explorando materiais. Ao longo da pesquisa, visita indústrias que trabalham com usinagem química e percebe correspondências entre esse processo e a técnica de água-forte sobre gravura em metal.

Em 2003, conclui o doutorado em poéticas visuais pela ECA-USP, no qual desenvolve esculturas de polímeros plásticos com formas projetadas em programas de computador. Os materiais utilizados e os métodos de trabalho de Salles são entendidos por Chiarelli como a associação de duas questões importantes da arte brasileira atual: o debate a respeito do suporte e a constituição de poéticas sobre as margens das modalidades artísticas convencionais, enveredando por soluções plásticas inusitadas, tanto no âmbito da gravura como no da escultura contemporânea. Entre 2018 e 2019, realiza residência artística como pesquisadora de pós-doutorado no Media Lab da Universidade Federal do Goiás (UFG) e em 2018 se torna professora com livre docência no Departamento de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

Com rigorosa pesquisa acerca das potencialidades de materiais como o metal e o plástico, Laurita Salles desenvolve uma poética particular. Aplicando diferentes técnicas com inventividade, a artista promove encontros entre a gravura, a escultura e procedimentos industriais.

Obras 2

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Reprodução fotográfica Romulo Fialdini

Sem Título

Água forte
Foto de Humberto Pimentel/Itaú Cultural

Sem Título

Cerâmica

Exposições 112

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Exposições virtuais 1

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Fontes de pesquisa 19

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  • ARTE gravura hoje. Apresentação Vitória Daniela Bousso. São Paulo: Paço das Artes, 1990. [20 p. ] 5 il. p. b. color.
  • BRASIL Reflexão 97 - A Arte Contemporânea da Gravura. Tradução Alberto de Paula Santos; apresentação Cassio Taniguchi, Margarita Pericás Sansone, Nilza K. Procopiak; texto Uiara Bartira, Maria Alice Milliet. Curitiba: Fundação Cultural de Curitiba, 1997. [98] p. il. p. b. color.
  • CENNI, Roberto (coord. ). Território expandido. Apresentação Danilo Santos de Miranda, Roberto C. Mesquita; texto Angélica de Moraes. São Paulo : Sesc Pompéia, 1999. 44 p. il. color.
  • CHIARELLI, Tadeu. Arte internacional brasileira. São Paulo: Lemos, 1999.
  • DA música, da linha: Laurita Salles, Vera Rodrigues e Arnaldo Battalhini. São Paulo: Pinacoteca do Estado, 1986. il. 6 lâms p. b.
  • ENSINO da arte: a gravura como meio. Apresentação Frederico Lencioni Neto; texto Ronaldo Oliveira, Sueli Dutra, Christina Rizzi et al. Jacareí: Casa da Gravura, 1998. 79 p.
  • ERNESTO Bonato, Laurita Salles. Org. Tadeu Chiarelli. São Paulo : Wyeth, 2001. (Arte Contemporânea: atelier do artista). 8p., il. color.
  • Encontro Latino-Americano de Artes Plásticas (3. : 1996 : Porto Alegre). Arte na América Latina: 100 anos de produção. apresentação Olga Larnaudie et al.; texto José Luiz do Amaral; fotografia Luis Martin, Gustavo Lowry. Porto Alegre, RS: UFRGS, 1996.
  • GRAVURA paulista. Curadoria Evandro Carlos Jardim. São Paulo: Galeria de Arte São Paulo, 1995.
  • MOSTRA DE GRAVURA CIDADE DE CURITIBA, 6., 1984. VI Mostra de Gravura Cidade de Curitiba: 1984 - Pan-Americana. Curitiba: Fundação Cultural de Curitiba, 1984.
  • MULHERES gravadoras: uma homenagem à Edith Behring. Curadoria Ana Maria Netto Nogueira; revisão Edith Piza. Jacareí: Casa da Gravura, 1998.
  • MUSEU DE ARTE DA PREFEITURA DE BELO HORIZONTE (MG). Imagem derivada: um olhar acerca do desdobramento da gravura hoje. Texto Luiz Henrique Horta. Belo Horizonte: Museu de Arte da Prefeitura, 1995. [47 p. ] il. p. b. color.
  • PANORAMA DE ARTE ATUAL BRASILEIRA, 1990, São Paulo, SP. Panorama de Arte Atual Brasileira 1990: papel - desenho, gravura, papel como meio, livro de artista. São Paulo: MAM, 1990.
  • POÉTICA da resistência: aspectos da gravura brasileira. Curadoria Armando Mattos, Denise Mattar, Marcus de Lontra Costa. Rio de Janeiro: MAM, 1994.
  • SALLES, Laurita Ricardo. Currículo do sistema currículo Lattes. Disponível em: http://lattes.cnpq.br/0799254241115383. Acesso em: 25 out. 2021.
  • SALLES, Laurita. Carretéis Contemporâneos. 1999. Dissertação (Mestrado em Artes Plásticas) - Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo. São Paulo, 1998.
  • SALLES, Laurita. Laurita Salles. São Paulo: Edusp, 1997. 140 p. il. color 18 x 19 cm.
  • SALLES, Laurita. Matéria fendida. Tradução Noemi Jaffe Cartum; comentário Maria Alice Milliet; fotografia Romulo Fialdini. São Paulo: Adriana Penteado Escritório de Arte, 1994. 16 p., il. p&b.
  • SALLES, Laurita. Unidades Fugidias. 2003. Tese (Doutorado em Artes Plásticas) - Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2003.

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