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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Maxwell Alexandre

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 02.08.2022
1990 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
Maxwell Alexandre (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1990). Artista visual. A experiência como patinador de street profissional norteia o seu pensamento como artista no começo da carreira. A vida na comunidade da Rocinha, no entanto, onde nasce, é criado e da qual é morador, domina a temática de seu trabalho, em que utiliza códigos visuais dos mor...

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Maxwell Alexandre (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1990). Artista visual. A experiência como patinador de street profissional norteia o seu pensamento como artista no começo da carreira. A vida na comunidade da Rocinha, no entanto, onde nasce, é criado e da qual é morador, domina a temática de seu trabalho, em que utiliza códigos visuais dos moradores da periferia a fim de ressignificá-los.

Ainda criança, Alexandre começa a se dedicar ao desenho. Fã de histórias em quadrinhos (HQ), em especial da Turma da Mônica, de Maurício de Sousa (1935), cria sua própria HQ, a Turma do Pedrinho, parodiando o famoso grupo do bairro do Limoeiro. As artes plásticas, porém, ficam em segundo plano quando começa andar de patins, aos 14 anos, tornando-se um atleta profissional. Nessa época ainda, participa do curso de fotografia para registro de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que ocorre nas favelas cariocas, como a Rocinha.

Percebendo a pouca visibilidade que o patins street tem no Brasil, o artista estuda design na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), com a ideia de unir seus conhecimentos de fotografia e de desenho de marca para tentar abrir espaço para o esporte. Na faculdade, conhece o artista Eduardo Berliner (1978) e começa a se interessar por artes visuais. Alexandre entende que, entre todas as possibilidades de trabalho que poderia desenvolver dentro da arte, seja como designer, fotógrafo ou ilustrador, é na arte contemporânea que pode alcançar mais prestígio e melhor remuneração.

Seus primeiros trabalhos como artista visual estão ligados ao patins. Inspirado na estética do construtivismo russo, elabora cartazes que utilizam fotografia e técnicas de colagem, explorando a radicalidade do esporte. Abstraindo um pouco a imagem do patinador, na série Desenhando com rodas (2016), utiliza as rodinhas que já não serviam mais para patinar para pintar telas em que trabalha o movimento da roda sobre a superfície e também toda sua circunferência como carimbo.

Em Sangue preto (2015), performance que realiza no hotel abandonado Gávea Tourist, no Rio de Janeiro, há o encontro do artista com o patinador. O patins é o encontro entre o universo do artista com o do esportista, que utiliza o ato de patinar como ação artística, registrada em fotos, vídeos, performances, e também como instrumento de pintura. Depois de despejar tinta no chão, Alexandre patina sobre ela e executa manobras aéreas, carimbando na tela presa na parede as rodas cobertas de tinta preta. Com o patins desenha sobre o chão e sobre a tela, num ato que parece ser aleatório, mas, ao ver o artista executando o trabalho, percebe-se a assertividade de suas manobras. Alexandre descreve a técnica como wallride painting, que, além de tinta, leva para a tela resíduos físicos do chão sobre o qual patinou, realizando uma espécie de cartografia dos lugares em que executa a ação.

A partir de 2016, o universo do patins começa a desaparecer como elemento central de seu trabalho. No entanto, sua experiência como patinador ainda está presente em uma série de pinturas abstratas – reprodução de movimentos intuitivos, repetitivos e rápidos. Aliás, o artista costuma dizer que a agilidade e capacidade de improviso com as quais pinta as suas telas vêm da sua prática no esporte, em que precisa pensar rápido para tomar decisões nas manobras.

A escassez de materiais para produzir seus trabalhos também dita o caminho seguido na carreira. Entre os disponíveis para realizar seus trabalhos, encontra alguns retalhos de papel pardo no laboratório de moda da universidade. Sobre essa base, começa a pintar autorretratos. Ao verificar sua produção, Alexandre associa o nome dado ao papel amarelo ao mesmo termo usado para designar negros de pele clara e, assim, dá início ao trabalho Pardo é papel, em 2017.

Nessa série, o artista se utiliza de códigos visuais da cultura periférica carioca, como o uniforme das escolas públicas e o padrão das piscinas de plástico, para fazer uma narrativa do seu cotidiano na periferia do Rio de Janeiro, usando toda a propriedade de suas origens para tratar do tema.

O trabalho figurativo e narrativo lhe dá visibilidade no sistema de arte nacional e internacional. Em 2018, participa da mostra coletiva Histórias afro-atlânticas, no Museu de Arte de São Paulo de Assis Chateaubriand (Masp), da residência artística Delfina Foundation, em Londres, e realiza a sua primeira mostra individual em galeria, O batismo de Maxwell Alexandre. O título da mostra individual faz referência à performance do artista, em que se apropria do rito do batismo evangélico – religião praticada desde a infância. Ao trilhar seu caminho nas artes visuais, o artista se distancia dos cultos e funda a Igreja do Reino da Arte, a fim de fomentar o trabalho de artistas da Rocinha. Alexandre entende que seu trabalho também é uma forma de oração – ainda que ácida e crítica. Entre 2019 e 2021, sua mostra individual Pardo é papel é exibida em três importantes instituições de arte brasileira: no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo; na Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre; e no Museu de Arte do Rio (MAR), no Rio de Janeiro. Também é exibida no museu francês Musée d'Art Contemporain, em Lyon.

O jovem artista traz para o seu trabalho suas experiências pessoais e da cultura periférica em que cresceu. Em suas obras, a partir da apropriação de códigos visuais de forte circulação na periferia, discute e ressignifica o papel e a cultura negra na sociedade.

Exposições 31

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