Milú Villela
Texto
Maria de Lourdes Egydio Villela (São Paulo, São Paulo, 8 de setembro de 1943). Psicóloga, gestora cultural e filantropa. Engajada em causas da cultura e da educação, possui vasta trajetória na organização da sociedade civil e na promoção do voluntariado. Como gestora da área da cultura, colabora para a expansão de relevantes instituições brasileiras, como o Itaú Cultural (IC) e o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP).
Em 1965, ingressa no curso de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), especializando-se em psicologia educacional. Logo após a conclusão do curso, junto a duas colegas de faculdade, funda a Escola Caracol, instituição pioneira no Brasil na implementação das teorias pedagógicas do psicólogo suíço Jean Piaget (1896-1980) e do educador brasileiro Paulo Freire (1921-1997). Neste período, concilia as atividades na escola com trabalhos sociais na periferia de São Paulo, iniciando uma longa trajetória no voluntariado e na filantropia. Segundo Milú, esta propensão é resultado da influência direta do trabalho voluntário exercido por sua avó materna em uma casa de acolhimento e auxílio a mães solo, o que tornou a dedicação às causas sociais um propósito de vida.
Após um hiato das atividades profissionais para dedicar-se aos filhos, em 1991 Milú passa a cooperar com uma creche na comunidade paulistana Real Parque. Motivada a expandir o impacto das ações sociais, funda em 1994 a Associação Comunitária Despertar, cuja missão é proporcionar desenvolvimento profissional para adolescentes em situação de vulnerabilidade social. Em 1996, a Despertar amplia seu escopo de trabalho ao assumir a gestão do Centro de Educação Infantil Parque Dorotéia, em Diadema (SP), o qual assiste crianças de zero a quatro anos.
Devido a tais experiências, em 1997 Milú inaugura e passa a presidir a organização sem fins lucrativos Centro de Voluntariado de São Paulo a fim de fortalecer a cultura do trabalho voluntário na cidade. O sucesso da iniciativa leva-a, em 2001, a ser nomeada presidente do Comitê Brasileiro do Ano Internacional do Voluntário, uma iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU) para incentivar a atividade internacionalmente. No âmbito da filantropia, são relevantes, entre outras, as participações na ONG Todos pela Educação e no Faça Parte-Instituto Brasil Voluntário, que fundamentam sua nomeação como Embaixadora da Boa Vontade da Unesco em 2004.
Paralelamente aos projetos sociais, em 1995 assume a presidência do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP) e, rapidamente, inicia a reestruturação da instituição. Articulando doações, realiza a reforma do edifício, então inferior aos padrões museológicos internacionais de climatização, segurança e conservação, e concebe novas salas e um auditório. As reformas tornam possível a expansão do acervo e resultam na ampliação do público visitante. Visando tornar a instituição referência em arte-educação, sob a gestão de Milú Villela dá-se grande ênfase à qualificação da equipe de educadores e é criado o Programa Igual Diferente em 2002, um marco na acessibilidade de museus, o qual promove atividades educacionais para pessoas com deficiência física e intelectual.
Avança na sustentabilidade financeira da instituição ao aumentar o quadro de sócios e fortalecer o programa de patrocinadores, aperfeiçoando os sistemas de captação e gestão de recursos. Na área curatorial, destaca-se a retomada do Panorama da Arte Brasileira, mostra que celebra novos artistas e temas da arte contemporânea no país. Em 2019, Milú Villela deixa a presidência do MAM SP após 24 anos à frente da instituição, encerrando uma gestão de grande relevância e assumindo enquanto presidente de honra.
Em 2001 inicia sua trajetória no Itaú Cultural (IC), quando é convidada a ocupar a presidência por seu tio, o banqueiro Olavo Setúbal (1923-2008). A gestão de Milú Villela define como objetivo a democratização do acesso à cultura e, para isso, realiza a reforma do edifício visando atender ao renovado programa de atividades. O novo projeto arquitetônico valoriza o aumento da área expositiva, cria o salão Ponto Digital, destinado à arte cibernética, e preocupa-se em atender às novas formas de circulação do espaço, enfatizando seu caráter público e aberto à cidade. Do ponto de vista administrativo, inicia processos de parcerias público-privadas que alçam o Itaú Cultural à referência da responsabilidade compartilhada para a cultura.
Em relação à pesquisa e à difusão científica, a gestão migra para a internet a antiga base de dados do Instituto, dando origem à primeira versão da Enciclopédia Itaú Cultural, datada de 2001 e então dedicada exclusivamente às artes visuais. Progressivamente, passam a ser disponibilizadas ao público enciclopédias dedicadas a outras expressões artísticas, como a de teatro, em 2004; arte e tecnologia e literatura, em 2007; e cinema, dança e música, em 2014. Em 2009 é realizada a unificação das publicações sob a denominação Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. Destacam-se ainda o fortalecimento de iniciativas como o fomento à produção artística e intelectual promovida pelo programa Rumos, criado em 1997, e as atividades realizadas em celebração aos vinte anos do instituto, em 2007, como o lançamento da web-rádio, da revista Continuum, da exposição Itaú Cultural 20 Anos e do Observatório Itaú Cultural, espaço de pesquisa e reflexão sobre o setor.
Devido à sua relevante contribuição na promoção da educação, da cultura e do desenvolvimento social no Brasil, Milú Villela impacta a vida de milhões de indivíduos no país, sendo uma importante incentivadora da participação civil para a diminuição das desigualdades. Durante toda a sua trajetória, lidera diversos projetos de grande impacto, tornando-se, internacionalmente, agente proeminente das causas sociais.
Exposições 8
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24/10/1995 - 26/11/1995
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6/12/1996 - 21/1/1995
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6/11/1997 - 21/12/1997
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2/2/1998 - 15/3/1998
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3/4/1998 - 17/5/1998
Links relacionados 1
Fontes de pesquisa 5
- VILLELA, Milú. Carta de Milú Villela. São Paulo: Museu de Arte Moderna de São Paulo, 29 de abril de 2019. Disponível em:https://mam.org.br/2019/05/08/carta-de-milu-villela/. Acesso em: 18 de abril de 2022.
- VILLELA, Milú. Todos pela educação de qualidade. Folha de S. Paulo, São Paulo, 06 set. 2006. Opinião. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz0609200609.htm. Acesso em: 18 de abril de 2022.
- VILLELA, Milú. Uma revolução silenciosa. Folha de S. Paulo, São Paulo, 07 ago. 2003. Tendências e Debates. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz0708200308.htm. Acesso em: 18 de abril de 2022.
- VILLELA, Milú; GASMAN, Nadine. Ativismo nas ruas e nas artes. Folha de S. Paulo, São Paulo, 08 mar. 2018. Opinião. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2018/03/milu-villela-e-nadine-gasman-ativismo-nas-ruas-e-nas-artes.shhtml. Acesso em: 18 de abril de 2022.
- VOLUNTARIADO: Milú Villela discursa na Assembléia da ONU. Folha de S.Paulo, São Paulo, 26 nov. 2002. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2611200226.htm#:~:text=A%20brasileira%20foi%20convidada%20a,do%20qual%20participavam%20123%20pa%C3%ADses. Acesso em: 18 de abril de 2022.
Como citar
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MILÚ Villela.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa11702/milu-villela. Acesso em: 03 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7