Willys de Castro
![Sem Título, 1988 [Obra]](http://d3swacfcujrr1g.cloudfront.net/img/uploads/2000/01/002587018013.jpg)
Sem Título, 1988
Willys de Castro
Latão
100,00 cm x 10,00 cm
Texto
Willys de Castro (Uberlândia, Minas Gerais 1926 - São Paulo, São Paulo, 1988). Pintor, gravador, desenhista, cenógrafo, figurinista, artista gráfico. Muda-se para São Paulo em 1941, onde estuda desenho com André Fort. Entre 1944 e 1945, trabalha como desenhista técnico e, em 1948, forma-se em química. Em 1950, inicia estágio em artes gráficas e realiza suas primeiras pinturas e desenhos abstrato-geométricos. No ano de 1953, passa a executar obras de cunho construtivista. No ano seguinte, funda com Hércules Barsotti (1914) um estúdio de projetos gráficos e participa do movimento Ars Nova, realizando poemas concreto-visuais apresentados no Teatro Brasileiro de Comédia - TBC. É co-fundador da revista Teatro Brasileiro, em 1955. Faz cenários, figurinos e peças para o Teatro de Arena e o Teatro Cultura Artística. Em 1957, recebe prêmio da Associação Paulista de Críticos Teatrais e trabalha como conselheiro-técnico da revista Vértice. Em 1958, viaja a estudo para a Europa e, no ano seguinte, ao voltar une-se ao Grupo Neoconcreto do Rio de Janeiro, ao lado de Hércules Barsotti, Ferreira Gullar (1930), Franz Weissmann (1911 - 2005), Lygia Clark (1920 - 1988), entre outros. Entre 1959 e 1962, realiza a série Objetos Ativos, trabalhos que exploram o plano e o volume como elementos plásticos, questionando a utilização da tela enquanto suporte da linguagem pictórica. No início dos anos 1960, integra o Conselho Artístico da Galeria de Artes das Folhas e a Association Internationale des Arts Plastiques da Unesco, em Paris. É co-fundador e membro da Associação Brasileira de Desenho Industrial - ABDI e do Grupo Novas Tendências. De 1966 a 1967, projeta estampas para tecidos voltados a produção industrial. Na década de 1980, inicia pesquisa de construções em madeira, metal, inox e outros materiais, com efeitos de cor e movimento, os Pluriobjetos.
Análise
Willys de Castro realiza suas primeiras pinturas no fim da década de 1940 e, a partir de 1950, trabalha com abstração geométrica. Em 1954, funda com o artista Hércules Barsotti (1914) o Estúdio de Projetos Gráficos, no qual trabalha até 1964. Dedica-se à programação visual e a projetos de padronagens para tecidos. Nas décadas de 1950 e 1960 trabalha também na confecção de cenários e figurinos para teatro. A produção do artista, na segunda metade da década de 1950, relaciona-se à dos artistas do movimento concreto. Denomina suas obras simplesmente de Pinturas, numerando-as ou indicando tratar-se de segunda ou terceira versão. Trabalha com um número deliberadamente restrito de questões: equilíbrio, tensionamento e instabilidade.
A obra Desintegração 5 (s.d.) apresenta uma estrutura formada por triângulos coloridos, distribuídos em um eixo central-diagonal, que tende a girar sobre si mesmo. Esses triângulos estão unidos uns aos outros apenas por um dos vértices. A composição sugere um equilíbrio prestes a romper-se e é estabilizada pelos triângulos que se formam nos vazios entre os triângulos coloridos. Assim, convivem nessa obra simetria e assimetria e elementos reais e invisíveis. Em Pintura 172 (s.d.), o artista apresenta a metáfora do eclipse, explorando a passagem de uma forma circular sobre outra. Já no outro quadro Pintura (1958) Willys lida com a relação de contigüidade e distanciamento: como em um jogo de bilhar, as esferas se tocam e impulsionam umas às outras. Nessas obras, trabalha com elementos e questões comuns ao movimento concreto: cores puras, formas geométricas, efeitos óticos e cinéticos e proximidade com o design gráfico. A estrutura básica do quadro não é rompida, como acontece em obras realizadas posteriormente.
A partir de 1959, cria os Objetos Ativos, suas obras mais conhecidas, constituídos por peças de madeira retangulares - perfis ou réguas de madeira - recobertas de telas, com três superfícies pintadas de maneira abstrato-geométrica. Esses objetos são fixados à parede por um dos lados. A pintura apresentada no plano frontal demonstra, assim, uma continuidade nos planos laterais. O espectador deve movimentar-se e seu olhar precisa percorrer as superfícies para observar o objeto em sua totalidade. A obra parece flutuar no espaço e é criada no momento de sua percepção. O artista trata de questões relacionadas ao conflito entre superfície bidimensional e espaço real. Sua proposta é questionar a utilização da tela como suporte da linguagem pictórica e, dessa forma, aproxima-se da mesma vertente a que pertencem os trabalhos neoconcretos de Lygia Clark (1920 - 1988) e de Hélio Oiticica (1937 - 1980).
Depois de quase duas décadas sem expor, em meados de 1970 e com base em pesquisas iniciadas com os Objetos Ativos, Willys realiza os Pluriobjetos, esculturas de metal ou madeira que resultam de operações semelhantes às dos Objetos Ativos: o deslocamento de uma porção ou elemento que reordena o todo. Dialoga assim com outras experimentações tridimensionais de artistas como Amilcar de Castro (1920 - 2002) e Franz Weissmann (1911 - 2005). Em Pluriobjeto A6 (1988), por exemplo, trabalha com uma estrutura de madeira vertical, na qual explora, através de um deslocamento, a tensão estabilidade/instabilidade, conferindo a esta, entretanto, grande leveza. Nos Pluriobjetos, como nos Objetos Ativos, a obra nunca se completa, porque não existe ponto ideal de observação e o sujeito deve questioná-la de diversos ângulos de visão.
Willys de Castro explora sutilíssimas relações entre forma, cor, espaço e tempo. É um dos mais notáveis participantes do movimento neoconcreto e destaca-se por pesquisas que o levaram a ser um dos pioneiros a romper com a utilização da superfície bidimensional da tela como suporte para a linguagem pictórica. Os Objetos Ativos, para o crítico de arte Frederico Morais, são a sua maior contribuição à arte construtiva brasileira.
Obras 26
Ascensão
Composição VI: distribuição rítmica sobre um sistema modulado
Objeto Ativo
Objeto Ativo
Objeto Ativo
Espetáculos 1
Exposições 197
Exposições virtuais 1
-
6/8/2021 - 3/12/2021
Fontes de pesquisa 35
- 150 anos de pintura no Brasil: 1820-1970. Rio de Janeiro: Colorama, 1989. R703.0981 P818d
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- BRITO, Ronaldo. Neoconcretismo: vértice e ruptura do projeto construtivo brasileiro. 2. ed. São Paulo: Cosac & Naify, 1999. (Espaço da arte brasileira).
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- CASTRO, Willys de. Willys de Castro: obras de 1954 - 1961. São Paulo: Sylvio Nery da Fonseca Escritório de Arte, 1994. , il. color.
- CASTRO, Willys de. Willys de Castro: obras de 1954 - 1961. São Paulo: Sylvio Nery da Fonseca Escritório de Arte, 1994. [26] p., il. color. Cr355 1994
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- EM busca da essência: elementos de redução na arte brasileira. Curadoria Sheila Leirner, Gabriela Suzana Wilder. São Paulo, SP: Fundação Bienal de São Paulo, 1987. Disponível em: http://www.bienal.org.br/publicacoes/2120.
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- LEITE, José Roberto Teixeira. 500 anos da pintura brasileira. [S.l.]: Log On Informática, 1999. 1 CD-ROM.
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- LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988. R759.981 L533d
- MODERNIDADE: arte brasilieira do século XX. Prefácio Celso Furtado; apresentação Pierre Dossa; texto crítico Aracy Amaral, Roberto Pontual. Paris: Musée d'Art Moderne de la Ville de Paris, 1988. 352 p.
- MODERNIDADE: arte brasilieira do século XX. Prefácio Celso Furtado; apresentação Pierre Dossa; texto crítico Aracy Amaral, Roberto Pontual. Paris: Musée d'Art Moderne de la Ville de Paris, 1988. 352 p.
- MODERNIDADE: arte brasilieira do século XX. Prefácio Celso Furtado; apresentação Pierre Dossa; texto crítico Aracy Amaral, Roberto Pontual. Paris: Musée d'Art Moderne de la Ville de Paris, 1988. 352 p. 709.8104 B823m
- MODERNIDADE: arte brasilieira do século XX. Prefácio Celso Furtado; apresentação Pierre Dossa; texto crítico Aracy Amaral, Roberto Pontual. Paris: Musée d'Art Moderne de la Ville de Paris, 1988. 352 p. SPmam 1988
- MOSTRA DO REDESCOBRIMENTO, 2000, SÃO PAULO, SP. Arte moderna. Curadoria Nelson Aguilar, Franklin Espath Pedroso, Maria Alice Milliet; tradução Izabel Murat Burbridge, John Norman. São Paulo: Associação Brasil 500 anos Artes Visuais/ Fundação Bienal de São Paulo, 2000.
- MOSTRA DO REDESCOBRIMENTO, 2000, SÃO PAULO, SP. Arte moderna. Curadoria Nelson Aguilar, Franklin Espath Pedroso, Maria Alice Milliet; tradução Izabel Murat Burbridge, John Norman. São Paulo: Associação Brasil 500 anos Artes Visuais/ Fundação Bienal de São Paulo, 2000. 709.04 M9161a
- MUSEU de Arte Moderna do Rio de Janeiro. São Paulo: Banco Safra, 1999.
- MUSEU de Arte Moderna do Rio de Janeiro. São Paulo: Banco Safra, 1999. 708.98153 M986rj
- PONTUAL, Roberto. Arte/ Brasil/ hoje: 50 anos depois. São Paulo: Collectio, 1973.
- PONTUAL, Roberto. Arte/ Brasil/ hoje: 50 anos depois. São Paulo: Collectio, 1973. 709.8104 P818a
- TRADIÇÃO e ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 1984. 709.81 M339t
- TRIDIMENSIONALIDADE: arte brasileira do século XX. São Paulo: Itaú Cultural: Cosac & Naify, 1999.
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- ZANINI, Walter (org.). História geral da arte no Brasil. São Paulo: Fundação Djalma Guimarães: Instituto Walther Moreira Salles, 1983. v. 1.
- ZANINI, Walter (org.). História geral da arte no Brasil. São Paulo: Fundação Djalma Guimarães: Instituto Walther Moreira Salles, 1983. v. 1. 709.81 H673 v.2
Como citar
Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo:
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WILLYS de Castro.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa10387/willys-de-castro. Acesso em: 04 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7