Jair Rodrigues
Texto
Biografia
Jair Rodrigues Oliveira (Igarapava, São Paulo, 1939 - Cotia, São Paulo, 2014). Cantor. Passa a infância nas cidades de Curupá e Nova Europa, no interior do estado de São Paulo. Nessa época, como todo garoto, sonha ser jogador de futebol, mas na escola destaca-se mesmo por cantar muito bem o Hino Nacional. Aos 14 anos, muda-se com a família para São Carlos, São Paulo. Para ajudar no orçamento, começa a trabalhar em casa como alfaiate e, enquanto costura, acompanha no rádio sucessos musicais da época, como Francisco Alves, Orlando Silva, Elizete Cardoso, Agostinho dos Santos, cantando sempre com eles. Junto da irmã - que também adora cantar - participa de um teste no programa de calouros da Rádio São Carlos e ganha o concurso. Apresenta-se mais algumas vezes na mesma rádio e, mais tarde, no restaurante Bambu, onde recebe seus primeiros cachês de crooner.
Em 1959, por sugestão do Irmão Jairo, muda-se pra Osasco para se dedicar à carreira artística. Enquanto se estabelece na cidade, trabalha em uma alfaiataria. No mesmo ano, é contratado para cantar na casa noturna Gruta São Bento, que ficava no centro de São Paulo, no Edifício Martinelli. A partir de 1962, divide o palco da boate Djalma's (do pianista Djalma Pereira), cantando inclusive com Hermeto Pascoal e Dave Gordon. A próxima casa em que se apresenta é na Stardust, também em São Paulo. Em 1962, integra o quadro de artistas representados pela Venca Produções, mesma agencia das cantoras Alcione e Clara Nunes, do grupo Originais do Samba, e do cantor Agnaldo Timóteo. Ainda em 1962, é contratado pela Phillips para gravar as canções Marechal da Vitória e Brasil Sensacional, ambas de autoria Edson Borges e Alfredo Borba, por ocasião da vitória do Brasil na Copa do Mundo de Futebol. Além dos trabalhos nas boates, Jair Rodrigues participa de shows de calouros nas rádios, como no programa Cláudio de Luna, na Rádio Tupi.
Orientado por Alfredo Borba, constrói repertório fundamentalmente de sambas e, em 1963, recebe o prêmio Roquette Pinto de melhor cantor no gênero. Em 1964, lança o seu segundo LP Vou de Samba com Você, com destaque para a canção Deixa isso pra Lá, samba falado e cantado. A performance de Jair Rodrigues faz da canção um grande sucesso, recitando os primeiros versos - \"Deixa que digam / Que pensem / Que falem / Deixa isso pra lá / Vem pra cá / O que que tem?\"- e se aproximando da platéia gingando e gesticulando maliciosamente a mão direita espalmada¹.
Ao participar do programa Almoço com as Estrelas de Airton Rodrigues, faz amizade com Elis Regina, com quem mais tarde apresenta o programa Fino da Bossa, no Teatro Paramount, e que resulta em três discos intitulados Dois na Bossa - Elis Regina e Jair Rodrigues (volumes I, II, III), lançados entre 1966 e 1967.
Em 1966, é finalista do 2º Festival da Música Popular Brasileira, defendendo a canção Disparada, de Geraldo Vandré e Theo de Barros. Fica empatado em primeiro lugar com a Banda, de Chico Buarque de Holanda, interpretada por Nara Leão.
Em 1968, participa do filme Jovens Pra Frente (1968), de Alcino Diniz, interpretando a si mesmo. Em 1971, se apresenta com os Originais do Samba em Cannes, dando início à sua carreira internacional, que também resulta no disco Jair Rodrigues A l'Olympia (1975).
Casado com Clodine, tem dois filhos Jairzinho e Luciana Mello que também seguem a carreira artística sob orientação e cuidado do pai.
Em 1981, passa uma temporada no Japão com os músicos do Sexteto J.R. e , em 1984, vai para a Itália com o espetáculo Brasile in Revista. No ano seguinte, lança em 1985 a música Majestade, o Sabiá, de Roberta Miranda, canção que faz sucesso em sua gravação de 1989, com a dupla sertaneja Chitãozinho e Xororó, no disco Amigos Interpretam Roberta Miranda.
No ano de 2006, é homenageado no Prêmio Tim da Música Popular Brasileira pelo conjunto de sua obra. A ocasião é marcada também por ser a primeira vez que o troféu de homenagem é entregue a um artista vivo. Em 2009, comemora seus 50 anos de carreiro com Show no Auditório Ibirapuera. Morre em 2014, em plena turnê de seu último trabalho Samba Mesmo (2014), formado por interpretações inéditas em seu repertório, como Fita Amarela, de Noel Rosa, Eu Não Existo sem Você, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, Luz Negra, de Amancio Cardoso e Nelson Cavaquinho.
Nota
1. SEVERIANO,Jairo; MELLO, Zuza Homem de. A Canção no tempo: 85 anos de músicas brasileiras, vol. 2. São Paulo: Ed. 34, 1998, p. 74.
Obras 1
Fontes de pesquisa 5
- ECHEVERRIA, Regina. Jair Rodrigues: deixa que digam, que pensem, que falem. São Paulo, Imprensa Oficial do Estado, 2012.
- MELLO, Zuza Homem de. A era dos festivais: uma parábola. São Paulo: Editora 34, 2003.
- SEVERIANO, Jairo; MELLO, Zuza Homem de. A canção no tempo: 85 anos de músicas brasileiras (vol. 1: 1901-1957). São Paulo: Editora 34, 1997. (Coleção Ouvido Musical).
- SOUZA, Tárik de. Tem Mais Samba: das raízes à eletrônica. São Paulo: Editora 34, 2003. (Coleção Todos os Cantos).
- TERRA, Renato; CALIL, Ricardo. Uma noite em 67. São Paulo: Planeta, 2013.
Como citar
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JAIR Rodrigues.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa103020/jair-rodrigues. Acesso em: 03 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7