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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Fundação Museu do Homem Americano (Fumdham)

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 29.04.2020
1986 Brasil / Piauí / São Raimundo Nonato
Entidade científica sem fins lucrativos, a Fundação Museu do Homem Americano - Fumdham - é criada em 1986, em São Raimundo Nonato, Piauí, com base em amplo programa de cooperação envolvendo agências nacionais e internacionais. O órgão liga-se às pesquisas arqueológicas na região da serra da Capivara, desde a década de 1970, que representam um ma...

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Histórico

Entidade científica sem fins lucrativos, a Fundação Museu do Homem Americano - Fumdham - é criada em 1986, em São Raimundo Nonato, Piauí, com base em amplo programa de cooperação envolvendo agências nacionais e internacionais. O órgão liga-se às pesquisas arqueológicas na região da serra da Capivara, desde a década de 1970, que representam um marco nas discussões sobre a ocupação da América do Sul e a vida das primeiras populações americanas. As investigações pioneiras da arqueóloga Niéde Guidon (1933) estão na base da organização do Parque Nacional Serra da Capivara (1979) e das escavações feitas. Guidon, hoje presidente da Fumdham, visita a região pela primeira vez em 1973, em busca de pinturas que vira em fotografias, convencida de estar diante de um estilo distinto de arte rupestre.

As diversas missões franco-brasileiras que ela organiza a partir de então levam à descoberta de mais de 700 sítios arqueológicos, dos quais 590 com pinturas rupestres. A riqueza arqueológica e cultural da região e sua diversidade do ponto de vista físico e natural - com vários ecossistemas -, somadas às dificuldades de recursos para a realização de pesquisa e do rico acervo de conhecimentos acumulados sobre a área, estão na origem do projeto da Fumdham, cujos objetivos declarados são a "compreensão do bioma da região, a reconstituição do passado humano e sua adaptação ao meio, nas diferentes realidades ambientais pelas quais passou a região, desde a primeira ocupação...". Entre as finalidades atuais da fundação estão: manter as coleções que resultam das pesquisas na região do Parque Nacional Serra da Capivara; estimular a pesquisa e o ensino da área da arqueologia; e difundir os resultados das investigações.

As diversas escavações realizadas no Parque Nacional Serra da Capivara ao longo de 30 anos visam estudar os sítios e o seu entorno, analisando o processo de evolução da paisagem em relação à hidrografia e à geografia; a evolução cultural da região nos últimos 60 mil anos; o contato das populações existentes com os primeiros colonizadores; e a descoberta e conservação de pinturas rupestres. Em relação à ocupação humana na América, esses estudos mostram que ela se fez por levas, partindo de lugares diferentes. As primeiras datam de 150 mil e 100 mil anos atrás, o que confirma a hipótese da antiguidade da presença humana no continente americano, contrariando as teses, até então em voga, que defendem ter sido a América ocupada há 12 mil anos por homens vindos da África pelo estreito de Behring. As novas interpretações, embora aceitas por alguns, são motivos de polêmicas e debates nos meios especializados. Em relação à arte rupestre propriamente dita, as pesquisas localizam a existência de três tradições locais: a nordeste, definida nos primeiros anos da ocupação e, portanto, a mais antiga; a agreste, mais recente, com desenhos e pinturas rudimentares, além de temáticas reduzidas; e a geométrica, que se caracteriza pelo uso de figuras abstratas.

A organização de um museu, hoje sediado em São Raimundo Nonato, é, desde o início, uma das metas primeiras da Fumdham. Seu acervo é constituído com base nas descobertas feitas pelas investigações interdisciplinares na região, buscando recuperar as condições e os modos de vida em épocas pré-históricas. A coleção está organizada com franca vocação didática. Primeiramente, uma introdução às origens da espécie humana e a história de sua distribuição nos variados continentes. Em seguida, é apresentada uma história do povoamento no continente americano. Pinturas e gravuras rupestres, por sua vez, funcionam como registro gráfico da pré-história do nordeste do Brasil. No mezanino encontram-se exemplos de cultura material, representados por artefatos e utensílios fabricados pelo homem, com ênfase nos sentidos dos objetos e em seus usos, cotidianos e rituais. Completam o acervo vestígios da fauna local e informações sobre zoologia - esqueletos e ossadas de animais extintos - e paleoparasitologia.

Desde sua criação a Fumdham é responsável pela política de preservação da área e por tentativas de desenvolvê-la. Em 1988, por exemplo, um acordo entre a fundação e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - Ibama é feito com vista à elaboração de um plano de manejo para o parque. Em 1994, as duas instituições são as responsáveis pela gestão do conjunto natural da serra da Capivara. Ainda na década de 1990, a exploração do turismo aparece como uma das vias para o desenvolvimento econômico e social auto-sustentado da região com base no que ocorre em sítios arqueológicos em todo o mundo, por exemplo, as cavernas de Lascaux, na França, e a de Altamira, na Espanha. Em 1991, o Parque Nacional Serra da Capivara é declarado Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco. O parque possui atualmente 103 sítios com pinturas rupestres preparados para a visitação e distribuídos por 14 circuitos turísticos.

Mídias (3)

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Niède Guidon – Prêmio Itaú Cultural 30 Anos (2017)
Niède Guidon (São Paulo, 1933) vive e trabalha no Piauí desde a década de 1970 e foi lá que se tornou um dos nomes mais atuantes na conservação e na manutenção de relíquias pré-históricas em solo brasileiro. Formada em história natural pela Universidade de São Paulo (USP), com doutorado em arqueologia pré-histórica pela Sorbonne (França), é administradora do Parque Nacional Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato (PI).

Niède fala sobre seu envolvimento com a arte rupestre e a Serra da Capivara, desde a elaboração do projeto que a tornou patrimônio cultural da Unesco. Mais que administrar o parque, desenvolveu estudos arqueológicos que provam a chegada do homem à América muito antes do que se pensava.

O Prêmio Itaú Cultural 30 Anos faz parte das comemorações das três décadas do instituto. Reconhece dez pessoas ou coletivos que atuaram de forma relevante e sinérgica, intervindo significativamente na vida artística e cultural do país nesse período. Os contemplados foram divididos em cinco categorias que dialogam com programas fundamentais do Itaú Cultural: Aprender – Ana Mae Barbosa e Mestre Meia-Noite; Criar – Lia Rodrigues e Véio; Experimentar – Hermeto Pascoal e Teatro da Vertigem; Inspirar – Eliana Sousa Silva e Niède Guidon; e Mobilizar – Davi Kopenawa e Sueli Carneiro.

Créditos
Presidente: Milú Villela
Diretor-superintendente: Eduardo Saron
Superintendente administrativo: Sérgio Miyazaki
Gerente do Núcleo de Comunicação e Relacionamento: Ana de Fátima Sousa
Coordenadores do Núcleo de Comunicação e Relacionamento: Carlos Costa e Jader Rosa
Gerente do Núcleo de Audiovisual e Literatura: Claudiney Ferreira
Coordenadora de conteúdo audiovisual: Kety Fernandes Nassar
Produção audiovisual: Paula Bertola
Direção, captação e edição: Bela Baderna (terceirizado)
Roteiro: Paula Stuzan (terceirizada)
Pesquisa: Adriana Yanez e Heverton Lima (terceirizados)
Som direto: Tomás Franco (terceirizado)
Niède Guidon – Prêmio Itaú Cultural 30 Anos (2017)
Créditos
Presidente: Milú Villela
Diretor-superintendente: Eduardo Saron
Superintendente administrativo: Sérgio Miyazaki
Gerente do Núcleo de Comunicação e Relacionamento: Ana de Fátima Sousa
Coordenadores do Núcleo de Comunicação e Relacionamento: Carlos Costa e Jader Rosa
Gerente do Núcleo de Audiovisual e Literatura: Claudiney Ferreira
Coordenadora de conteúdo audiovisual: Kety Fernandes Nassar
Produção audiovisual: Paula Bertola
Direção, captação e edição: Bela Baderna (terceirizado)
Roteiro: Paula Stuzan (terceirizada)
Pesquisa: Adriana Yanez e Heverton Lima (terceirizados)
Som direto: Tomás Franco (terceirizado)

Fontes de pesquisa 5

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  • ANTES - Histórias da Pré-História. Concepção Marcelo Dantas; curadoria Niéde Guidon, Anne-Marie Pessis, Gabriela Martin; tradução Gavin Adams. Rio de Janeiro: Centro Cultural Banco do Brasil, 2004. 300 p., il. color.
  • FUNDAMENTOS - Revista da Fundação Museu do Homem Americano, Editora da UFPE/ Fumdham, 2003, 239 p. il p&b.color.
  • FUNDAMENTOS - Revista da Fundação Museu do Homem Americano, Fumdham, v.1., n.1, 1996, 435 p., il. p&b.
  • FUNDAMENTOS - Revista da Fundação Museu do Homem Americano, Fumdham, v.2, 2002, 263 p., il. p&b.color.
  • PARQUE NACIONAL DA SERRA DA CAPIVARA. Textos Niède Guidon, Anne-Marie Passis, Fábio Olmos. São Raimundo Nonato: Fumdham/MinC, 2002, 94 p. il. color.

Como citar

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