N.E.x.T. - Núcleo Experimental de Teatro
Texto
Histórico
O N.Ex.T - Núcleo Experimental de Teatro, idealizado e inaugurado por Celso Curi e pelo dramaturgo e diretor Antonio Rocco, é um dos principais centros de difusão e desenvolvimento de dramaturgos e atores estreantes em São Paulo.
Trata-se de um espaço alternativo, cuja essência é abrigar as mais variadas experiências de linguagem, sejam produções próprias ou de outros criadores. Reproduz um modelo implementado por Celso Curi nos anos 1990, o lendário teatrinho Off, localizado no bairro do Itaim, São Paulo. A casa apresenta peças em que predominam o humor e os temas urbanos. Inaugura sua programação em 1999, com a montagem do texto de Hilda Hilst (1930 - 2004), O Caderno Rosa de Lori Lamby, com direção de Bete Coelho, interpretação memorável de Iara Jamra e cenário de Daniela Thomas. O N.Ex.T torna-se mais conhecido, quando sedia Terça Insana, programação humorística de sucesso que fica em cartaz de setembro de 2001 a dezembro de 2002, com ampla repercussão na imprensa. Entre outros atores, diretores, dramaturgos e grupos que se destacam no histórico da sala estão Ângela Dip, Aimar Labaki, Renata Melo, Newton Moreno, Elias Andreato, Mário Bortolotto, Fernando Bonassi, Mário Viana, Parlapatões, Patifes & Paspalhões, Marcelo Marcus Fonseca, Roberto Lage, Jairo Mattos, Renata Zhaneta.
A primeira produção do N.Ex.T sobe ao palco em 2000. O monólogo A Alegria do Palhaço, com texto e direção de Antonio Rocco, apresenta Carim Feres no papel de um fugitivo da polícia, que se diz dono de um circo. Dois anos depois, O Falecido, escrito e dirigido também por Rocco, reúne um elenco expressivo: Grace Gianoukas, Otávio Mendes, Marat Descartes, Daniela Duarte, Roney Fachini, Luciene Adami, Sidnei Caria e Nilton Bicudo. São duas histórias: a de um suposto morto que acorda no próprio velório e descobre, ouvindo conversas, como teria falecido e o que pensam a seu respeito; e a de um homem e uma mulher que esperam seus noivos em um cartório.
Em 2003 e 2004, a inventividade de Antonio Rocco se manifesta novamente em A um Passo da Tragédia, reunião de três pequenas peças de sua autoria, que ele mesmo encena, e em A Estranha, com direção de André Garolli. A peça narra a história de uma família quatrocentona de São Paulo dos anos 1970, cuja rotina é alterada quando uma mulher se atira do viaduto Minhocão e cai no toldo de sua casa. O filho solteiro se apaixona pela suicida, e assim se desencadeiam os conflitos. Sobre a montagem, comenta o crítico Afonso Gentil: "Com elementos de besteirol - que, pasmem, se abastece no teatro do absurdo -, A Estranha só não é uma surpresa total porque ainda ressoam, na nossa memória, as estripulias criadas pelo mesmo Antonio Rocco em O Falecido, merecido sucesso de há dois anos atrás no N.Ex.T. Apoiado na delirante imaginação do autor, o esperto e antenado diretor André Garolli extrai hilariantes e sucessivos momentos de Nilton Bicudo, excepcionalmente à vontade e sem pudores de explorar seu tipo franzino, seguido por Lulu Pavarin, impagável e com as melhores e mais sarcásticas tiradas do texto. Melissa Vaz também rende bons momentos de comédia como a garota que despenca do 'minhocão' quase no colo do tímido morador da vizinhança".1 Recomendando a mesma peça no jornal Folha de S.Paulo, o ator Cacá Carvalho sentencia: "Divertida comédia que retrata como uma obra pública pode dividir a cidade".2
O humor, desta vez de tom sombrio, marca a obra seguinte de Rocco, Textículos - Textos Minúsculos para Teatro, de 2006, dirigida pelo autor e por Fábio Saltini. Conforme sugere o título, cenas bastante curtas - seis, com duração de cinco a dez minutos cada uma - abordam o encontro de casais em situações de tensão e conflito, na iminência de uma solução drástica.
O N.Ex.T edita dois livros com peças de Antonio Rocco: O Falecido e Outras Comédias - que compila O Falecido; Amor à Vista; A Alegria do Palhaço, e A Verdadeira História dos Piolhos, dos Homens e o Futuro - e A um Passo da Tragédia (2001), que reúne Por Favor, Deixe-me Tentar Novamente; Ato Falho; Mera Coincidência; Ser Mãe; O Natal Mais Feliz da Minha Vida; Os Mais Miseráveis, e Muro.
Notas
1. GENTIL, Afonso. Reflexões da cena paulistana. IN: APLAUSO BRASIL. São Paulo, Ig Banda Larga, 7/6/2004. Disponível em: [href=http://ultimosegundo.ig.com.br/materias/cultura/1640501-1641000/1640760/1640760_1.xml]. Acesso em: 15/6/2007.
2. CARVALHO, Cacá. Ilustrada escolhe. Folha de S.Paulo, São Paulo, Ilustrada, 6 jun. 2004. p. 5.
Espetáculos 1
-
5/8/2005 - 2/10/2005
Exposições 1
-
5/9/2018 - 9/10/2018
Fontes de pesquisa 6
- CARVALHO, Cacá. Ilustrada escolhe. Folha de S.Paulo, São Paulo, Ilustrada, 6 jun. 2004. p. 5.
- GENTIL, Afonso. Reflexões da cena paulistana. IN: APLAUSO BRASIL. São Paulo, Ig Banda Larga, 7/6/2004. Disponível em: [href=http://ultimosegundo.ig.com.br/materias/cultura/1640501-1641000/1640760/1640760_1.xml]. Acesso em: 15/6/2007.
- MACHADO, Cassiano Elek. SP tem nova casa "off". Folha de S.Paulo, São Paulo, Ilustrada, 9 jun. 1999. p. Especial-1.
- N.Ex.T completa sete anos: Antonio Rocco comemora. O Estado de S. Paulo, São Paulo, Guia Caderno 2, 15 set. 2006.
- ROCCO, Antonio (curriculum vitae). Cronologia das atividades realizadas na sala N.Ex.T. São Paulo, 2007.
- SÁ, Nelson de. Circuito "off" tem dois novos espaços. Folha de S.Paulo, São Paulo, Revista da Folha, 2 jul. 1999. p. 74.
Como citar
Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo:
-
N.E.X.T. - Núcleo Experimental de Teatro.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/instituicao201890/n-e-x-t-nucleo-experimental-de-teatro. Acesso em: 04 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7