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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 22.05.2024
1982 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
Reprodução fotográfica Rafael Adorjan/Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea

Sem Título [Colônia Juliano Moreira]
Arthur Bispo do Rosario
Costura, revestimento, bordado e escrita
134,00 cm x 164,50 cm
Coleção Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea

O Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea (mBrac), localiza-se no Instituto Municipal de Assistência à Saúde Juliano Moreira, centro de saúde mental conhecido como “Colônia”, em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio de Janeiro. O museu é responsável por preservar, conservar e difundir a memória da Colônia e a obra de Arthur Bispo do Rosário (19...

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O Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea (mBrac), localiza-se no Instituto Municipal de Assistência à Saúde Juliano Moreira, centro de saúde mental conhecido como “Colônia”, em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio de Janeiro. O museu é responsável por preservar, conservar e difundir a memória da Colônia e a obra de Arthur Bispo do Rosário (1911-1989), artista internado intermitentemente na instituição por quarenta e nove anos. Além de sua função museal, também opera como equipamento de saúde, desenvolvendo projetos que trabalham em função da abolição dos estigmas em torno de temas relacionados à saúde mental. 

O debate ao longo dos anos 1980 em torno da Reforma Psiquiátrica Brasileira1 estimula a produção artística dentro da Colônia como atividade expressiva. Assim, em 1982, é fundado o Museu Nise da Silveira2 para abrigar as obras produzidas na instituição. Além de Bispo do Rosário, outros pacientes se destacam pela atividade artística, como a poeta e artista Stela do Patrocínio (1941-1992), e o pintor Antônio Pedro Bragança (1904-1967). Com a morte de Bispo, o Museu integra em seu acervo as obras do artista e passa a se chamar, em 2000, Museu Bispo do Rosário. Em 2002, agrega “Arte Contemporânea” à sua denominação.

Com quatro galerias no prédio sede da Colônia, o mBrac atua através de três eixos fundamentais: Acervo, Exposições e o Pólo Experimental. O Pólo Experimental é o eixo que busca através de projetos a integração entre saúde, arte e educação com o objetivo de criar novas perspectivas sobre práticas artísticas e o cuidado em saúde mental. Destacam-se nesse eixo o Atelier Gaia e a Casa B.

O Atelier Gaia oferece espaço, suporte técnico e institucional para artistas que tiveram no seu percurso de vida a passagem pela Colônia, incentivando a sua produção artística. Além dos integrantes participarem de diversas exposições - como Lugares do Delírio3, que apresenta no Museu de Arte do Rio (2017) e no paulista Sesc Pompeia (2018) uma reflexão política e estética sobre saúde mental e arte -, alguns artistas possuem obras em outros acervos, como Arlindo Oliveira (1951), que integra as coleções do Museu de Arte do Rio e do Museu Afro em São Paulo.

Já a Casa B oferece um programa de residências artísticas para o desenvolvimento de pesquisas que dialoguem com a comunidade e o mBrac. Alguns dos trabalhos desenvolvidos integram exposições do museu, como a instalação Paredes da Minha Casa (2018), de Daniel Murgel (1981), em que o artista toma como referência a obra Muro no Fundo da Minha Casa (s.d.), de Bispo do Rosário, para refletir sobre as condições de moradia de africanos escravizados no Brasil.

O acervo do mBrac é composto por mais de mil e quinhentos objetos, com diferentes características. Além da coleção de Arthur Bispo do Rosário - de relevância e circulação nacional e internacional, tombada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) na década de 1990 e pelo Iphan em 2018, possui obras que foram produzidas entre 1950 e 1980 por pacientes nos ateliês de arteterapia, e trabalhos de artistas vinculados ao Atelier Gaia.

As exposições, além de envolverem pesquisas relacionadas à obra de Bispo, exploram a atuação social na Colônia, incorporando como diretriz fundamental das mostras a memória do local, do próprio museu, da cidade, das práticas da psiquiatria, da arte e da loucura e suas relações.

A exposição Um Canto, Dois Sertões: Bispo do Rosário e os 90 Anos da Colônia Juliano Moreira (2015), por exemplo, contextualiza a obra de Bispo dentro de dois universos: a Colônia, onde vive grande parte de sua vida, e Japaratuba, em Sergipe, sua cidade natal. A mostra explora o paralelo entre a urbanização do Rio de Janeiro, a relação da sociedade com a loucura, e as mudanças ocorridas na Colônia, estabelecendo ligações com o contexto de criação de Bispo. Além de importantes obras do artista, como Manto da Apresentação (s.d.), foram expostos objetos do acervo da Colônia, e obras de outros artistas, como as pinturas de murais sobre Japaratuba de Marta Neves (1964).

Já a mostra Quilombo do Rosário (2018) parte de uma obra então inédita de Bispo, A África de Bispo (s.d.), um mapa do continente africano feito a mão, para relacionar, pela primeira vez em uma exposição, a obra do artista com a cultura afro-brasileira, ressaltando sua origem. Destaca-se na mostra a participação do Quilombo do Camorim, que através de uma roda de Jongo, dança de origem africana, apresenta relatos das vivências da região de Jacarepaguá.

A exposição Utopias: A vida para todos os tempos e glória (2021), por sua vez, reflete sobre a arte como materialização da imaginação utópica, tomando como referência a utopia no trabalho de Bispo e na própria atuação do mBrac. Destaca-se a instalação (Não) coma o Microfone (2021), de Veridiana Zurita (1982), uma rádio temporária de discussão sobre saúde mental e capitalismo, e a participação de trinta e duas crianças que integram o projeto Clubinho da Mata, de educação não formal, realizado pela Fiocruz Campus da Mata.

O Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea promove o debate sobre questões referentes à saúde mental e à arte contemporânea, buscando através de ações artísticas e educativas ativar a coleção Arthur Bispo do Rosário e relacionar-se com seu entorno, oferecendo um dispositivo cultural para a Zona Oeste do Rio de Janeiro. A instituição conserva um importante acervo nacional e incentiva o trabalho de artistas que passaram por instituições de assistência à saúde mental, colaborando com a integração psicossocial.

Notas

1. A Reforma Psiquiátrica Brasileira iniciou-se com o Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM), em 1978, no período de redemocratização do país. A organização fez críticas ao modelo psiquiátrico clássico e às práticas de violência, abandono e exclusão, adotadas nos manicômios, e começou a discutir a desinstitucionalização como uma forma alternativa ao sistema asilar, buscando formas de criar autonomia e integração social para pessoas em sofrimento psíquico.

2. O nome do museu é uma homenagem à psiquiatra Nise da Silveira (1905-1999), que reformula a maneira de compreender suas visões de mundo dando voz ao universo interior dos pacientes. A primeira organização de natureza museal na Colônia, no entanto, data de 1952, quando é criado um departamento para abrigar a produção artística dos ateliês de arteterapia. O setor é nomeado Egas Moniz, em homenagem ao médico português Egas Moniz (1874-1955), criador da lobotomia, cirurgia irreversível que “acalmava” pacientes agressivos, deixando-os em estado semivegetativo.

Obras 26

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Reprodução fotográfica Rafael Adorjan/Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea

Sem Título [Bolsa de gelo]

Montagem, carpintaria, escrita e pintura
Reprodução fotográfica Rafael Adorjan/Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea

Sem Título [Canecas]

Montagem, perfuração, pintura e escrita
Reprodução fotográfica Rafael Adorjan/Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea

Sem Título [Carrossel]

Montagem, carpintaria, pintura, costura, bordado, revestimento e escrita

Exposições 28

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Fontes de pesquisa 9

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