Museu Carlos Costa Pinto
![Sala do Capítulo, 1923 [Obra]](http://d3swacfcujrr1g.cloudfront.net/img/uploads/2000/01/002128006013.jpg)
Sala do Capítulo, 1923
Presciliano Silva
Óleo sobre tela, c.i.e.
80,00 cm x 100,00 cm
Texto
Histórico
Inaugurado em 5 de novembro de 1969, e situado no corredor da Vitória, na cidade de Salvador, o Museu Carlos Costa Pinto tem origem na coleção particular do comerciante e exportador de açúcar Carlos Costa Pinto (1885-1946), reunida ao longo de 30 anos. Instalado no casarão em estilo colonial americano pertencente à família, o museu possui um acervo de cerca de 3.000 obras de artes decorativas dos séculos XVII ao XX: mobiliário, ourivesaria, porcelana, cristais, jóias etc. Formada a partir da aquisição de bens de famílias tradicionais da cidade, a coleção conta com objetos que decoravam as residências da Bahia colonial e imperial - os sobrados do Pelourinho e os engenhos do Recôncavo, por exemplo -, assim como os interiores de conventos e igrejas. As peças de origens diversas, relacionadas à cultura e vida social baiana, mostram aspectos do cotidiano e da história da região no correr de quatro séculos.
Um dos destaques do Museu é a coleção de pratarias (religiosa, civil e regional), uma das maiores do Brasil, exposta de acordo com a função dos objetos. Da ourivesaria sacra podem ser vistos objetos litúrgicos variados: cálices; cruzes e lanternas processionais; vasos para água e vinho; castiçais, conchas de batismo etc. Da ourivesaria civil (ou profana), melhor representada, fazem parte objetos de uso cotidiano e aqueles utilizados em ocasiões especiais, como nascimentos, casamentos, saraus e batizados. Galheteiros, bandejas, tigelas, cestas, cafeteiras, castiçais, candelabros, serviços de chá, entre muitas outras peças, permitem vislumbrar os interiores domésticos e os hábitos diários. O conjunto, por sua vez, fornece um retrato preciso da opulência das elites baianas e das igrejas nos períodos Colonial e Imperial. Embora as peças de prata da coleção sejam quase todas portuguesas e brasileiras (sobretudo baianas), há alguns exemplares vindos da França, Inglaterra e Alemanha. A maioria das peças pertence à segunda metade do século XVIII - considerado o auge da ourivesaria -, algumas pertencem ao século XVII e poucas ao século XIX.
As jóias constituem outro ponto alto da coleção do Museu. Por meio delas é possível conhecer não apenas os adereços que adornam as imagens sacras, mas também as jóias usadas pelas mulheres das elites e aquelas que compõem o traje das crioulas baianas. A riqueza dos adornos das escravas domésticas e das libertas chama a atenção dos pesquisadores, levando-os a se perguntar sobre as formas de mobilidade e distinção social na sociedade colonial. Os escravos domésticos, apontam os pesquisadores, seguem os senhores no trajar, sobretudo em ocasiões solenes. Além disso, as restrições ao luxo no vestuário são sistematicamente burladas por mucamas e amas-de-leite. As alforriadas, por sua vez, utilizam as jóias não apenas como sinal de distinção, mas como forma de acumular bens, destinados à sobrevivência e à compra da liberdade de parentes. As jóias de crioula, como são conhecidas, compõem o traje domingueiro das baianas como também aqueles usados em cerimônias e procissões. Têm como características principais o volume, o brilho e a variedade: correntões, pulseiras e brincos de formas diversas, em geral de ouro (embora não sejam peças maciças). Nesse conjunto, as pencas de balangandãs ocupam lugar à parte, por sua originalidade. Levadas junto ao corpo, presas a uma corrente, as pencas reúnem objetos de metal com formas variadas, agrupados numa base denominada "nave" ou "galera": moedas, figas, chaves, dentes, romãs, cocos de água etc. Os elementos que compõem as pencas de balangandãs são reunidos em função de seus sentidos mágicos e rituais. São talismãs e amuletos que afastam "mau-olhado", que trazem sorte, que "abrem portas e caminhos", ou que indicam "fartura", "riqueza" etc. A coleção do Museu possui 27 pencas de balangandãs de prata, datadas dos séculos XVIII e XIX.
Em 2000, o Museu Carlos Costa Pinto passa por um processo de revitalização de suas instalações, de acordo com nova orientação museológica. A ampliação da área destinada ao público, a implantação de um novo sistema expositivo, além de um melhor sistema de climatização e iluminação têm como objetivo central a valorização das coleções. Além disso, intensificam-se, a partir daí, as atividades destinadas a um público diverso por meio do departamento de educação, e da realização de exposições, palestras, cursos, ciclos de cinema, entre outros eventos. O Museu retoma, com isso, uma política de realização de exposições temporárias, por exemplo: O Sagrado e o Profano na Coleção Beatriz e Mario Pimenta Camargo, 2001, e A Sedução das Jóias - Séculos XVIII e XIX, 2005.
Obras 2
Paisagem
Sala do Capítulo
Exposições 3
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1980 - 1980
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13/2/2014 - 30/3/2014
Links relacionados 1
Fontes de pesquisa 4
- GODOY, Solange de Sampaio. Por que é que a baiana tem?. In: O QUE É QUE A BAHIA TEM. Ourivesaria do Museu Carlos Costa Pinto - Salvador. Pinacoteca do Estado de São Paulo, 03 de junho a 23 de julho de 2006. 92 pp. Il. p&b. color, pp. 53-62.
- MATTOSO, Kátia M. de Queiroz. A opulência na província da Bahia. In: NOVAIS, Fernando A. (coord.); ALENCASTRO, Luiz Felipe de (org.). História da vida privada no Brasil - II: Império : a corte e a modernidade nacional. São Paulo: Rio, 1997. 523 p. : il. color., pp. 143-180.
- ROSA, Mercedes. A ourivesaria do Museu Carlos Costa Pinto. In: O QUE É QUE A BAHIA TEM. Ourivesaria do Museu Carlos Costa Pinto - Salvador. Pinacoteca do Estado de São Paulo, 03 de junho a 23 de julho de 2006. 92 pp. Il. P&b. color, pp. 15- 52.
- TRINDADE, Simone. Penca de balangandãs. In: O QUE É QUE A BAHIA TEM. Ourivesaria do Museu Carlos Costa Pinto - Salvador. Pinacoteca do Estado de São Paulo, 03 de junho a 23 de julho de 2006. 92 pp. Il. P&b. color, pp. 63-74.
Como citar
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MUSEU Carlos Costa Pinto.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/instituicao113517/museu-carlos-costa-pinto. Acesso em: 04 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7