Circo Grafitti
Texto
Histórico
Grupo paulistano fundado por Rosi Campos, Gerson de Abreu, Helen Helene, Pedro Paulo Bogossian, Zezeh Barbosa e Romis Ferreira, marcando a estréia profissional de Gabriel Villela como encenador em 1989. A montagem é Você Vai Ver o Que Você Vai Ver, uma livre adaptação de Exercises de Extile, de Raymond Queneau, espetáculo que arrebata diversas premiações e empreende longas excursões.
A realização já revela o estilo e as preferências estilísticas do grupo: a ênfase na comédia musical e a busca, tradução e adaptação de textos inéditos. Os espetáculos fixam quadros, entremeados de música, em arranjos requintados, marcados pelo humor elegante, sempre dirigidos abertamente ao público. Os atores, exímios comediantes bem como cantores, que trafegam do puro improviso ao mais delicado lirismo. O crítico Alberto Guzik descreve aspectos do espetáculo e seus integrantes: "A representação foi toda trabalhada sobre técnicas e convenções circenses. Desde o figurino dos atores até o tom das atuações, tudo tem a desmesura satírica do circo. Palhaços em profusão narram as desventuras do rapaz do pisão no pé. (...) No elenco, Rosi Campos, Gerson de Abreu, Romis Ferreira, Helen Helene, Zezeh Barbosa e Caru Camargo conseguem uma equipe coesa, enérgica, que transborda de vibração e prazer, contagiando o espectador. Montado no saguão do Teatro do Centro Cultural [São Paulo], ambientado numa carcaça de ônibus, Você Vai Ver O Que Você Vai Ver é a mais gostosa surpreza da temporada".1
Em 1993, o grupo estréia uma comédia musical sobre a era do rádio, Almanaque Brasil, texto e direção de Noemi Marinho, encomendado pela equipe, realização premiada que permanece anos em cartaz. Em 1994, Rosi Campos e Zezeh Barbosa empreendem Ifigônia, uma comédia medieval adaptada por Mário Viana, sob a direção de Roney Facchini. Em 2002, a trupe ressurge com a formação original em O Gato Preto, espetáculo baseado nos cabarés parisienses e alemães dos anos 30, novamente debruçando-se sobre o humor inteligente e o entretenimento de alto nível.
Sobre esta realização, comenta novamente Alberto Guzik: "O Circo Grafitti está de volta.(...) Após enveredar pelo teatro de variedades em Você Vai Ver... e de reviver a era do Rádio em Almanaque Brasil, a companhia mergulha no mundo do cabaré e do café concerto (...) Os assuntos abordados por O Gato Preto vão da vida familiar à política e à corrupção, do sexo à moda, da paródia da história às relações afetivas. Os números permitem aos intérpretes o emprego de uma comicidade elegante, que anda em desuso nestes tempos de humor pesado, caricatural. Os palavrões são substituídos pelo duplo sentido. A malícia entra no lugar do cômico sexualmente explícito que os programas humorísticos de TV se encarregaram de impor como padrão. (...) O Circo Grafitti parece ter voltado para ficar".2
Notas
1. GUZIK, Alberto. Técnicas circenses, numa peça contagiante. Jornal da Tarde, São Paulo, 18 maio 1989, p. 14.
2. GUZIK, Alberto. Gato Preto Revive Charme dos cabarés. São Paulo, O Estado de São Paulo, Caderno 2, 11 de janeiro de 2002.
Espetáculos 6
Fontes de pesquisa 6
- ABREU, Kil. Espetáculo é o cabaré globalizado e variado do Circo Grafitti. Folha de S.Paulo, São Paulo, 19 jan. 2002. Ilustrada, p. E6.
- CIRCO Grafitti. Acervo do Grupo.
- GUZIK, Alberto. Gato Preto Revive Charme dos cabarés. São Paulo, O Estado de S. Paulo, Caderno 2, 11 de janeiro de 2002.
- GUZIK, Alberto. Técnicas circenses, numa peça contagiante. Jornal da Tarde, São Paulo, 18 maio 1989.
- PEREIRA, Maria Lúcia. No palco, um delicioso fenômeno de comunicação. O Estado de S. Paulo, São Paulo. Caderno 2, s/ data.
- SANTOS, Valmir. Circo Grafitti recria clima de cabaré em quarta peça. Folha de S.Paulo, São Paulo, 3 jan. 2002. Ilustrada, p. E2.
Como citar
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CIRCO Grafitti.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/grupo399388/circo-grafitti. Acesso em: 04 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7