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Enciclopédia Itaú Cultural
Teatro

Pessoal do Despertar

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Abandonando a linha do teatro experimental que marca a década anterior, o grupo Pessoal do Despertar retoma a dramaturgia, valorizando a encenação e a criação dos atores.

Texto

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Histórico

Abandonando a linha do teatro experimental que marca a década anterior, o grupo Pessoal do Despertar retoma a dramaturgia, valorizando a encenação e a criação dos atores.

O espetáculo de estréia O Despertar da Primavera, 1979, marca também a primeira encenação brasileira do texto de Frank Wedekind, escrito em 1890. Com uma encenação que inaugura uma série de opções estéticas, o grupo realiza com nove atores uma peça de 27 personagens, sem promover cortes no original, colocando em prática um sistema de revezamento que quebra a convenção realista e oferece uma leitura particular do texto. "A honestidade, a verdade (acima da verossimilhança) e a emoção com que os atores se situam frente ao texto e frente à sua própria participação no espetáculo são de tal ordem que quase sempre acreditamos com plena facilidade na fábula moral que se desenrola diante de nossos olhos", escreve o crítico Yan Michalski, observando a homogeneidade qualitativa e estilística do elenco e "o volume de trabalho tangivelmente presente por trás da clareza de intenções de cada momento do espetáculo".1 A fragmentação da ação em planos de cenário e em black-outs torna a narrativa sincopada, colaborando para o teatralismo que transforma o palco nos distintos espaços por onde passeia a trama.

No ano seguinte, o grupo estréia Happy End, de Bertolt Brecht e Kurt Weill, e, em seguida, Delito Carnal, de Eid Ribeiro, 1980. Em seu penúltimo espetáculo, em 1982, o Pessoal do Despertar encena A Tempestade, de William Shakespeare, a céu aberto, tendo ao centro uma piscina, sobre a qual, em uma ponte de madeira, se desenrola a maior parte da ação. As personagens ocupam também os corredores da edificação da antiga Mansão Lage que circunda o pátio, assim como os telhados e a própria piscina, nas cenas que se utilizam da água. Essa cenografia natural que se revela uma forte expressão da magia do texto de Shakespeare não encontra contudo, segundo os críticos, equivalência na dramaticidade das cenas, que mostram atores pouco preparados para dar sentido às palavras do dramaturgo inglês. Em 1983, o grupo se mantém no espaço aberto do Parque Lage e retorna a Bertolt Brecht, desta vez com um de seus maiores textos - O Círculo de Giz Caucasiano, encenado por 27 atores, 6 músicos e 4 crianças, preparado durante seis meses de ensaios, orçado em 20 milhões de cruzeiros e finalizado com mais de 4 horas de duração. O diretor monta o texto na íntegra e projeta a ação para o ano de 2004, localizando-a no Brasil, embora sem fazer correspondências históricas. A música, composta e executada pelo grupo Americanto, reúne influências de diferentes países da América Latina. Com interpretação farsesca, os atores buscam a comunicabilidade e a desenvoltura da cena, abrasileirando-a por meio da liberdade estilística. Segundo o crítico Macksen Luiz, o Pessoal do Despertar desta vez evita efeitos pirotécnicos e opta pela economia. O grupo "ocupa a área com um desenho de espetáculo até certo ponto simples, movimentando os atores num tablado armado sobre parte da piscina e em dois praticáveis laterais. A única extravagância, exigência do próprio texto, é a travessia de Grusha por uma precária ponte armada no ponto mais alto da mansão e por sobre a piscina. É um desafio à coragem e ao profissionalismo da atriz Maria Padilha".2

Fundado por Paulo Reis e Maria Padilha, o Pessoal do Despertar tem, entre seus integrantes, os atores Fábio Junqueira, Miguel Falabella, Ângela Rebello, Clarice Niskier, Daniel Dantas, Henri Pagnoncelli, Rosane Gofman, Marília Martins, Sebastião Lemos, Toninho Lopes e Zezé Polessa. Juntamente com o Pessoal do Cabaré, este grupo integra a vertente não-empresarial do teatro dos anos 80.

Notas

1. MICHALSKI, Yan. O despertar de um novo grupo. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 26 out. 1979. Caderno B, p. 2. 

2. LUIZ, Macksen. Círculo de giz: uma fábula latino-americana da justiça. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 17 out. 1983.

Espetáculos 5

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Fontes de pesquisa 4

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  • A TEMPESTADE. Rio de Janeiro: Funarte / Cedoc. Dossiê Espetáculos Teatro Adulto.
  • LUIZ, Macksen. Círculo de giz: uma fábula latino-americana da justiça. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 17 out. 1983.
  • MICHALSKI, Yan. O despertar de um novo grupo. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 26 out. 1979. Caderno B, p. 2.
  • PESSOAL do Despertar. Rio de Janeiro: Funarte / Cedoc. Dossiê Grupos Teatro Adulto.

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