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Enciclopédia Itaú Cultural
Teatro

Teatro Popular União e Olho Vivo

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 16.06.2023
1973 Brasil / São Paulo / São Paulo
Grupo independente dedicado à arte popular e à produção de espetáculos para circuito de periferia; nasce no ambiente universitário e agrega grande número de participantes originários das classes populares.

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Grupo independente dedicado à arte popular e à produção de espetáculos para circuito de periferia; nasce no ambiente universitário e agrega grande número de participantes originários das classes populares.

Formado como Teatro do Onze, no Centro Acadêmico 11 de Agosto da Faculdade de Direito do Largo São Francisco da Universidade de São Paulo - USP, em 1970, com a encenação de O Evangelho Segundo Zebedeu, direção de Silnei Siqueira para um musical de César Vieira - seu principal líder desde então -, utiliza, nas suas apresentações, um circo montado no Parque Ibirapuera nas suas apresentações. Remanescentes dessa primeira experiência fundem-se com outros, originários do Grupo de Teatro Casarão, para a montagem seguinte, Rei Momo, espetáculo concebido como desfile de escola de samba, em 1973. O afastamento da instituição universitária e a denominação União e Olho Vivo ocorrem nesse período e a itinerância é sua característica mais marcante. Entre os mais antigos participantes estão César Vieira (Idibal Almeida Pivetta, advogado), Neriney Evaristo Moreira, José Maria Giroldo e Ana Lúcia Silva. O grupo já teve dezenas de integrantes e não é raro, espectadores mais empolgados que decidem acompanhar a trupe.

Em 1978, é encenado Bumba Meu Queixada, novo texto supervisionado por César Vieira, estruturado com base em folguedos do boi-bumbá, que tem a greve como tema. Em 1984, surge Morte aos Brancos - A Lenda de Sepé Tiaraju, ambientado nas Missões e enfocando o massacre dos índios guarani em episódio histórico de resistência cultural. Barbosinha Futebó Crubi - Uma História de Adonirans, lançado em 1991, desenvolve-se em torno do futebol e do ambiente musical do compositor Adoniran Barbosa. Um novo trabalho, Us Juãos e Os Magalis, em 1996, desenrola-se em torno de uma revolta popular ocorrida na Bahia no período da colonização. Em 2001, estreia A Revolta da Chibata, que destaca o negro João Cândido como herói popular.

Além do teatro, o União e Olho Vivo dedica-se à música, com diversos shows no seu repertório. Percorre, na sua longa existência, um sem-número de locais na periferia de São Paulo e municípios próximos da capital; apresenta-se em sindicatos, salões paroquiais, quadras de escolas de samba, escolas, praças públicas e outros espaços. Muitas viagens para o exterior, participações em festivais, prêmios e distinções, tornam a iniciativa conhecida na América Latina e na Europa.

Ao avaliar o trabalho do grupo, o crítico Oswaldo Mendes assinala: "Das experiências que vêm sendo realizadas de um teatro de periferia (urbana e econômica) uma das mais significativas é a do Teatro União e Olho Vivo. Um grupo que se disponha a fazer teatro popular precisa carregar a crença no trabalho em si, com todas as dificuldades de se manter à margem ou apesar dos auxílios e colaborações que recebe. [...] E sua importância está no quase anonimato com que presta um dos serviços mais urgentes não apenas para o teatro mas para toda nossa periferia urbana e econômica, propositadamente marginalizada do processo cultural".1

Com frequência recorrendo ao folclore para ambientar enredos, o grupo discute cenicamente a luta de luta de classes, com a marcação de contrapontos e a sugestão de organização popular como alternativa de sobrevivência. Além disso, técnicas de criação coletiva, com uma estética própria e de uma garantida comunicação com suas platéias.

O crítico Jefferson Del Rios destaca a segurança artística do conjunto: "O grupo União e Olho Vivo, ao longo de uma década, depurou seus meios expressivos, descobriu soluções práticas para um teatro materialmente pobre. O resultado é visível na comunicação imediata com a platéia. Todos os encantos circenses-teatrais estão presentes: cores, roupas, truques; e a eles se acrescenta a visão crítica da sociedade. A sutileza na discussão de igual para igual com o espectador. O Teatro União e Olho Vivo faz intervenção artística e política amadurecida, bonita e comovedora".2

Notas

1. MENDES, Oswaldo. Comentário publicado em Última Hora, 14 jun. 1977, apud VIEIRA, César. Em busca de um teatro popular. São Paulo:Tuov-Unesco, 1977. p. 190.

2. RIOS, Jefferson del. Olho vivo e diversão no bumba da periferia. Folha de S.Paulo, 17 set. 1980. p. 29,

Espetáculos 17

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Fontes de pesquisa 4

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  • GARCIA, Silvana. O Teatro da Militância. São Paulo: Perspectiva, 1990. 208 p.
  • TORRES, Admilton A. Tuov: uma pista para uma nova cena. São Paulo, SP, 1985. Dissertação (Mestrado). Escola de Comunicações e Artes, USP.
  • VARGAS, Maria Thereza; CARDOSO, Reni Chaves. Centro e periferia: grupos atuando à margem do sistema convencional de produção. São Paulo, 1978.
  • VIEIRA, César. Em busca de um teatro popular. São Paulo: Tuov-Unesco, 1977.

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