Armazém Companhia de Teatro
Texto
A companhia, fundada em Londrina, em 1987, passa gradativamente a se ocupar da construção de uma dramaturgia própria, criada no diálogo entre o corpo e a palavra, com ênfase na vitalidade corporal e marcada por elementos acrobáticos, como no espetáculo Alice Através do Espelho de 1998.
Estreia, em Londrina, com Aniversário de Vida, Aniversário de Morte, adaptação da peça Nossa Cidade, de Thornton Wilder, em 1987. Seguem-se Périplo - o Ideograma da Obsessão, de Paulo de Moraes, a partir da vida e obra de Oswald de Andrade, em 1988, A Construção do Olhar, baseada em fragmentos da obra de William Shakespeare, em 1990, e, no ano seguinte, Alabastro, adaptação de Paulo de Moraes para a peça Salomé, de Oscar Wilde.
Com A Ratoeira é o Gato, inspirada em textos de Michel de Ghelderode e Heiner Müller, em 1993, o grupo começa a desenvolver uma linguagem particular, apoiando-se em técnicas corporais. Por meio da exploração de diversos registros de voz e da teatralidade do corpo, a companhia almeja desenvolver um processo de preparação do ator, no qual ele seja capaz de montar, desmontar e desmascarar sua personagem em cena, ou, como define o diretor: "Fazer do ator um instrumento belo, eficiente e disponível para as experiências mais variadas e audaciosas [...], capaz de fazer aparecer todas as formas de teatralidade".1
Depois da estréia de a Ratoeira é o Gato em Londrina, a companhia leva o espetáculo para o Rio de Janeiro, iniciando uma sucessão de montagens na cidade. Em 1994, encena A Tempestade, de William Shakespeare e, no ano seguinte, monta Édipo, de Sófocles. Com essa montagem inicia-se a parceria de Paulo de Moraes e Maurício Arruda Mendonça, para adaptação de textos e construção, em ensaios, da dramaturgia. A técnica criada para o ator volta a ser objeto da atenção do grupo nos espetáculos seguintes: Sob Sol em Meu Leito Após a Água, escrita a partir do épico indiano O Mahabharata, em 1997 e Esperando Godot, de Samuel Beckett, em 1998. A apresentação consecutiva em Londrina e Rio de Janeiro (1998 e 1999), do espetáculo Alice Através do Espelho, de Maurício Arruda Mendonça, baseado na obra de Lewis Carroll, alcança grande sucesso de público e crítica e faz com que a companhia se fixe definitivamente na capital fluminense.
Em 2000, o grupo apresenta Armazém em Estoque, uma revisão de seu repertório e, no ano seguinte, estréia Da Arte de Subir em Telhados, de Paulo de Moraes e Maurício Arruda Mendonça. A Armazém Companhia de Teatro desenvolve um amplo trabalho de improvisação baseado em temas, roteiros, indicações técnicas ou estilísticas utilizadas como pontos de referência pelos atores. Os métodos para essa improvisação, além de se apoiarem na memória e na espontaneidade individuais, envolve a leitura de textos teóricos e literários, de onde seus integrantes retiram o estímulo para a reflexão e a sugestão de imagens que fundamentem a criação. O texto nasce junto com o espetáculo, nas palavras e cenas que o grupo experimenta.
Notas
1. ARMAZÉM Companhia de Teatro. Currículo enviado pelo grupo, 2001.
Espetáculos 22
Links relacionados 1
Fontes de pesquisa 3
- ALICE Através do Espelho. Rio de Janeiro: Funarte / Cedoc. Dossiê Espetáculos Teatro Adulto.
- ARMAZÉM Companhia de Teatro. Currículo enviado pelo grupo, 2001.
- LUIZ, Macksen. Esforço para o equilíbrio. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 11 abr. 2001.
Como citar
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ARMAZÉM Companhia de Teatro.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/grupo115460/armazem-companhia-de-teatro. Acesso em: 04 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7