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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Franz Weissmann: o vazio como forma

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 26.02.2024
27.11.2019 - 09.02.2020 Brasil / São Paulo / São Paulo – Itaú Cultural
Foto de reprodução Itaú Cultural

Capa da publicação da exposição Franz Weissmann: o vazio como forma, 2019

A exposição Franz Weissmann: o vazio como forma apresenta a intimidade criativa e obras icônicas do artista austríaco radicado no Brasil Franz Weissmann (1911-2005). Entre esculturas, experimentações, desenhos bidimensionais e modelos em pequena escala, cerca de 800 peças são reunidas para compor um retrato antológico de um dos pioneiros da arte...

Texto

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A exposição Franz Weissmann: o vazio como forma apresenta a intimidade criativa e obras icônicas do artista austríaco radicado no Brasil Franz Weissmann (1911-2005). Entre esculturas, experimentações, desenhos bidimensionais e modelos em pequena escala, cerca de 800 peças são reunidas para compor um retrato antológico de um dos pioneiros da arte construtivista no país. 

Realizada no Instituto Itaú Cultural, de 27 de novembro de 2019 a 9 de fevereiro de 2020, com curadoria de Felipe Scovino e parceria do Instituto Franz Weissmann, a exposição exibe a criação do artista em três andares. Cada um com diferentes questões que, em conjunto, abordam a trajetória do escultor.

Sua obra é reconhecida pela forma que, ao explorar o vazio, desenha o espaço. Em grande escala e situadas normalmente na esfera pública, suas esculturas também são lembradas pelo uso pioneiro das cores, que segundo o artista não é mera aplicação, mas um elemento que integra o próprio trabalho. No primeiro piso, como boas-vindas, a exposição concentra as três maiores obras da mostra: Ponte (1957-1979), Flor Mineral (2001) e Módulo Neoconcreto (1957-2016). 

Junto de outras peças que também adotam uma materialidade pesada – como o aço e o ferro –, as esculturas apresentam uma leveza marcante, uma vez que são atravessadas pelo ar e passam a ser definidas pelos elementos vazados e pelas perspectivas que estes geram. Fato que distingue o trabalho de Weissmann em relação ao contexto escultórico brasileiro e dá título à exposição ao destacar o “vazio como forma”.

Trazer para ambientes internos obras de escalas urbanas configura um desafio em questão de espaço. Segundo a arquiteta responsável pelo projeto expográfico, Fernanda Barbara, a arquitetura concebida para a mostra privilegia o diálogo entre o porte e as características das esculturas, gerando uma apreensão individual, embora enalteça a presença do coletivo. O que resulta numa transformação contínua da percepção espacial, dada sobretudo pelo percurso do visitante no ambiente expositivo e pelas obras.  

Em contraste com as esculturas de grande escala exibidas no primeiro andar, o restante da exposição traz uma abordagem mais íntima, com obras bidimensionais e tridimensionais menores. 

No primeiro subsolo são exibidos diversos conjuntos de peças que compõem um período de transição e amadurecimento da obra de Weissmann. Grandes bases de diferentes alturas são distribuídas pelo espaço, de modo que concentram conjuntos de pequenas esculturas tridimensionais e sugerem possíveis leituras que se relacionam com as obras em destaque nas paredes. 

Ao adotar essa linguagem, a expografia gera a transição necessária para diferentes fases de Weissmann. O percurso tem como início as obras realizadas até meados de 1950, em seus anos como professor na Escola Guignard, passando por peças figurativas que trazem os primeiros indícios de uma abstração presente em outros conjuntos expostos, nos quais a composição do vazio e uma nova visão sobre os campos geométricos se tornam cada vez mais apurados. 

Destacam-se nesse andar obras como Carambola (ca. 1949) e outras fundamentais do movimento neoconcreto, como Escultura Linear (195?), Escultura em Fio (195?) e as colunas. Peças que proclamam a relevância da abstração em sua trajetória por meio da manipulação do material: uma transformação da matéria e do vazio. Em certa contraposição, essas fazem frente à série Amassados (196?), que reforçam novas visões sobre a geometria por meio da ação enérgica e informal que o próprio artista executa em placas de zinco. Vale ressaltar ainda o protagonismo da obra considerada um dos marcos iniciais do construtivismo brasileiro: Cubo Vazado (1951). Aqui, ela tem o papel de gerar um ponto de tensão e relação entre os conjuntos presentes no espaço. 

No segundo subsolo, último andar da mostra, torna-se presente o fazer do artista. Portanto, o espaço expositivo tem como inspiração o ateliê de Weissmann e traz algumas referências que evidenciam seu ambiente de trabalho. A volumosa quantidade de obras e estudos espalhada nesse espaço é traduzida para a exposição por meio de uma grande vitrine que exibe centenas de maquetes, protótipos, pinturas e esculturas menores. Além disso, uma linha do tempo, duas grandes imagens do artista em seu ateliê e um vídeo que apresenta seu processo criativo revelam uma intimidade que aproxima o olhar do espectador do trabalho contínuo por trás das esculturas que hoje permeiam o espaço público e o imaginário coletivo. 

A exposição ainda apresenta, em realidade virtual, o Monumento à Paz (s.d.) – pensado para o espaço público, porém nunca exibido –, e um mapa de todas as esculturas do artista em São Paulo. Assim, é tecido um diálogo que se expande da galeria para a cidade, do real para o virtual.

A mostra revela uma constelação de obras e estudos que ajudam a compreender a criação artística de Weissmann e recebe um importante reconhecimento com o prêmio de Melhor Exposição Retrospectiva da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) em 2019.

A exposição Franz Weissmann: o Vazio como Forma traz ao público esculturas que geralmente são as primeiras imagens associadas ao artista. A mostra cumpre o papel de demonstrar como o fazer artístico do escultor passa por distintas escalas, da mínima e intimista à macro e pública, revelando, assim, outras visões e leituras sobre sua trajetória e obra. 

Ficha Técnica

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Curadoria
Felipe Scovino

Artista homenageada / Artista homenageado
Franz Weissmann

Fontes de pesquisa 3

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  • BARBARA, Fernanda. Fernanda Barbara. [Entrevista cedida a] Victor Delaqua. São Paulo, 2020.
  • ITAÚ CULTURAL (org.) Franz Weissmann: o vazio como forma (Franz Weissmann: emptiness as form). São Paulo: Itaú Cultural, 2019. 1 folder. Disponível em: https://issuu.com/itaucultural/docs/publicacao_efweissmann_issuu-af. Acesso em: 4 dez. 2020.
  • RIBEIRO, Marília Andrés (org.). Franz Weissmann: depoimento. Entrevista de Weissmann para Fernando Pedro da Silva, Fernando Ortega e Marília Andrés Ribeiro. Belo Horizonte: C/Arte, 2002.

Como citar

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