A Morte de Danton
![A Morte de Danton, 1977 [Enciclopédia de Teatro. Espetáculo]](http://d3swacfcujrr1g.cloudfront.net/img/uploads/2000/01/013115001019.jpg)
A Morte de Danton, 1977
Acervo Cedoc/FUNARTE
Texto
Histórico
Realizado na galeria do metrô da Glória, em construção, A Morte de Danton desafia público e crítica a vencer quatro horas de desconforto e dificuldade de entendimento.
Para falar do surgimento da burguesia, o diretor Aderbal Freire-Filho (1941) (Aderbal Júnior) cria uma linguagem experimental que substitui a comunicação da palavra pela expressão cênica. Na crítica ao espetáculo, o crítico Flávio Marinho aponta os aspectos que prejudicam a montagem: "... [o diretor] elabora um cansativo quebra-cabeças simbólico, de marcações aleatórias, dificultando, ainda mais, a compreensão de Danton - mesmo ao nível do enredo. A confusão fica formada de vez pela baixa qualidade acústica do Metrô - que impede uma perfeita audição - e, especificamente, por uma atriz que só fala alemão e francês. Numa obra tão engajada como Danton, tal alienação chega a ser imperdoável. Resultado: o espetáculo não comunica, torna-se antiteatral. [...] Por outro lado, Aderbal acertou ao conceber um espetáculo sem concessões, extremamente árido, de iluminação chapada: a moldura perfeita para qualquer revolução. Infelizmente porém o ocasional aproveitamento do espaço disponível não é suficiente para justificar a escolha do Metrô como palco deste drama histórico. Pois só em determinadas cenas de conjunto, a teatralmente generosa profundidade proporcionada pela galeria é explorada. O ponto alto de Danton fica, portanto, limitado aos minutos finais do espetáculo que adquire uma bela e solene atmosfera de procissão acompanhada a pé pelo público, ao som de uma 'Marselhesa' murmurada (e, na época, proibida) pelo elenco".1
Com A Morte de Danton, Aderbal Freire Filho, diretor teatralista, pretende levar o público de teatro, formado pela burguesia, a fazer uma reflexão sobre si mesmo, ao mesmo tempo em que procura responder ao movimento de "retorno à palavra", ligado ao teatro de resistência. No entanto, o fracasso interrompe a carreira do espetáculo e frustra o projeto de formação de um novo grupo.
Notas
1. MARINHO, Flávio. A tortura de Danton. Última Hora, Rio de Janeiro, 21 maio 1977.
Ficha Técnica
Georg Büchner
Tradução
Aderbal Freire-Filho
Cristina Benkendorfer
Adaptação
Aderbal Freire-Filho
Cristina Benkendorfer
Direção
Aderbal Freire-Filho
Figurino
Sílvia Sangirardi
Sílvia Sangirardi
Direção musical
Ernâni Aguiar
Trilha sonora
Ernâni Aguiar
Elenco
Antônio Araujo
Bete Mendes / Lucília Desmoullins
Catalina Bonaky
Edil Magliari
Edson Nequeti
Eliane Rogério
Elvira Rocha
Fernando Mello da Costa
Gilles Werner / Hérault de Séchelles
Gilson Moura / Danton
Hernani Schicker
Joel Barcelos
Jorge Alberto / Camilo Demoullins
José Roberto Mendes / Lacroix
Kátia Grumberg
Marco Antônio Palmeira / Saint-Just
Marcos de Assis
Olegário Holanda
Paulo Barros / Philippeaux
Ricardo Schnetzer
Roque Bittencourt
Sayão
Sérgio Reis
Suzana Faini / Júlia
Tony Vermont
Vanede / Nobre
Obras 1
Fontes de pesquisa 3
- A MORTE DE DANTON. Direção Aderbal Freire Filho. Rio de Janeiro, 1977. 1 folder. Programa do espetáculo, apresentado na Galeria do Metrô da Glória em abril de 1977.
- A MORTE de Danton. Rio de Janeiro: CEDOC / Funarte. Dossiê Espetáculo Teatro Adulto.
- MARINHO, Flávio. A tortura de Danton. Última Hora, Rio de Janeiro, 21 maio 1977.
Como citar
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A Morte de Danton.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/evento399229/a-morte-de-danton. Acesso em: 05 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7