Cássio M'Boy
![As Duas Rainhas, s.d. [Obra]](http://d3swacfcujrr1g.cloudfront.net/img/uploads/2000/01/000482001013.jpg)
As Duas Rainhas
Cássio M'Boy
Óleo sobre tela, c.i.d.
80,00 cm x 100,00 cm
Texto
Cássio M'Boy (Mineiros do Tietê, São Paulo, 1903 - São Paulo, São Paulo, 1986). Pintor, escultor, decorador, designer, figurinista e vitralista. Inicia os estudos nas aulas de desenho e anatomia do pintor alemão Georg Elpons (1865-1939) em São Paulo. No Rio de Janeiro, assiste às aulas da Escola Nacional de Belas Artes (Enba). Durante a década de 1920, toma contato com o grupo dos modernistas paulistas e produz estampas para tecidos, design de móveis e decoração. Na mesma época, vive no Embu, São Paulo, onde esculpe imagens de santos. Em 1934, participa do 1º Salão Paulista de Belas Artes, na categoria artes aplicadas. Três anos depois, é premiado na Exposição Internacional de Artes e Técnicas de Paris com a escultura Fuga para o Egito. Em 1938, apresenta trabalhos no Salão de Maio. Nesse período atua como decorador. Realiza sua primeira individual em 1950 no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp). Em 1950, participa do Salão de Tóquio, Japão, e, em 1952, integra a comitiva brasileira à 26ª Bienal de Veneza. Realiza duas outras individuais em 1961 e 1970, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ) e no Paço das Artes, em São Paulo, respectivamente. Após sua morte, os tapetes por ele desenhados na década de 1930 integram as mostras: Arte Construtiva no Brasil: Coleção Adolpho Leirner, no MAM/SP, em 1998, e no MAM/RJ em 1999; e O ArtDeco Brasileiro: coleção Fulvia e Adolpho Leirner, na Pinacoteca do Estado de São Paulo (Pesp), em 2008.
Análise
O trabalho de decoração de Cássio M'Boy, criando desenhos para mobiliário, tapeçaria e pequenas esculturas, orienta sobretudo pelo estilo art déco. Nos tapetes abstrato-geométricos da década de 1930, a composição se dá pela justaposição, em sentidos diversos, de semi-círculos e retângulos cujas cores geram sensação de volume e profundidade. Nas pequenas esculturas, como em Figura, déc.1930, uma linha contínua e alongada, elegante, define um corpo que se curva para amarrar uma pena ao tornozelo.
Na mesma época, trabalha com temas religiosos, esculpindo imagens de santos passando então, em pouco tempo, a dedicar-se integralmente à pintura de temas populares e religiosos. Aparentemente, M'Boy separa as soluções formais, empregadas nas "artes aplicadas", dos procedimentos plásticos que organizam o restante de sua produção artística. A lógica compositiva desses trabalhos aproxima-se da chamada pintura "ingênua" ou "primitiva", apesar do artista possuir instrução formal e buscar deliberadamente esse tipo de solução plástica. Nessa produção, a imagem torna-se menos ilusionista.
M'Boy é conhecido principalmente por essa fase de sua obra, compreendido como um pintor de temas folclóricos, a ponto de Mário de Andrade (1893-1945) afirmar que M'Boy seria a incorporação do próprio folclore. Segundo o critico José Geraldo Vieira, essa interpretação se deve, sobretudo, ao "ambiente doméstico bem caipira" e aos "processos toscos" e "temas singelos" de que faz uso.1
Notas
1. PONTUAL, Roberto. Dicionário das artes plásticas no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1969, p.351.
Obras 1
As Duas Rainhas
Exposições 13
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25/1/1934 - 2/1934
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19/11/1985 - 31/1/1984
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4/11/1985 - 10/11/1985
Fontes de pesquisa 13
- 150 anos de pintura no Brasil: 1820-1970. Rio de Janeiro: Colorama, 1989.
- A PINACOTECA do MASP: de Rafael a Picasso. São Paulo: Banco Safra, 1982. (Banco Safra).
- A Pintura Caipira de Cássio M'Boy (folheto). São Paulo: Encontro das Artes, 1985. Cássio M'Boy: 100 anos. Prefeitura de Embu: s.d.
- ARTE no Brasil. São Paulo: Abril Cultural, 1979.
- BARDI, Pietro Maria. O modernismo no Brasil. São Paulo: Banco Sudameris, 1978. (Arte e Cultura, 1).
- BARROS, Darcy (Org.). A arte do imaginário. Curadoria Sérgio Lima. São Paulo: Galeria Encontro das Artes, 1985.
- BULCÃO, Athos. [Currículo]. Enviado pelo artista.
- DICIONÁRIO brasileiro de artistas plásticos. Organização Carlos Cavalcanti e Walmir Ayala. Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1973-1980. 4v. (Dicionários especializados, 5).
- DRÄNGER, Carlos (coord.). Pop Brasil: arte popular e o popular na arte. Curadoria Paulo Klein; tradução João Moris, Beatriz Karan Guimarães, Maurício Nogueira Silva. São Paulo: CCBB, 2002.
- LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988.
- O ARTDECO brasileiro: coleção Fulvia e Adolpho Leirner. Curadoria Marcelo Mattos Araújo, Regina Teixeira de Barros. São Paulo: Pinacoteca do Estado, 2008.
- PONTUAL, Roberto. Dicionário das artes plásticas no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1969.
- ZANINI, Walter (org.). História geral da arte no Brasil. São Paulo: Fundação Djalma Guimarães: Instituto Walther Moreira Salles, 1983. v. 1.
Como citar
Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo:
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CÁSSIO M'Boy.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa22734/cassio-m-boy. Acesso em: 04 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7